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‘Laranja’ aparece como dono de empresas ligadas a bando

Homem está no organograma de quadrilha de roubo de cargas que movimentava R$ 10 mi; polícia agora busca receptadores

Por Bianca Barbosa
Especial para o Diário
02/08/2018 | 07:00
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André Henriques/DGABC


 A investigação da Operação Ouro Branco, deflagrada na segunda-feira e que prendeu 21 de 27 integrantes de uma das principais quadrilhas de roubo de cargas no País, encontrou pelo duas empresas pertencentes ao bando, ambas localizadas em Ribeirão Pires. Uma está desativada, mas a outra, a Eco Reciclagem, continua ativa segundo registro na Jucesp (Junta Comercial do Estado de São Paulo) e alugava os dois galpões em Mauá onde a polícia apreendeu materiais roubados, empilhadeiras, câmeras de segurança e outros equipamentos, durante a ação de anteontem. Os locais serviriam como depósitos e bases da quadrilha no Grande ABC.

Conforme levantamento feito pela reportagem do Diário na base de dados da Jucesp, o contrato social da Eco Reciclagem tem como proprietário Lucas Silva, nome que aparece como laranja no organograma da quadrilha publicado na edição de ontem. Entre as páginas no registro comercial, há uma anotação feita pelo assessor técnico da Junta com os dizeres “a assinatura do titular na CNH não confere com o contrato (da empresa).” Como se trata de microempresa, o negócio só poderia faturar R$ 360 mil por ano, valor que passa longe dos R$ 8 milhões a R$10 milhões mensais que a quadrilha faturava com a venda dos produtos roubados.

Segundo avaliação da polícia, a anotação abre diversas dúvidas quanto à administração da empresa, e até pode colocar em cheque se Lucas assinou realmente os documentos, ou se a rubrica foi usada por uma pessoa que se passou por ele para abrir a empresa. De acordo com informações de policiais que trabalham no caso, o suposto proprietário é “um homem humilde, que trabalhava na empresa como catador.” Portanto, a avaliação é a de que dificilmente ele teria condições de abrir o próprio negócio, ainda que seja uma microempresa.

A Eco Reciclagem é empresa que tem como atividade principal o comércio atacadista de resíduos e sucatas metálicos. Aliás, entre os materiais valiosos que eram o foco da quadrilha estavam bobinas de alumínio, aço e cobre, além de polietileno e combustíveis. Prova do profissionalismo do bando é que o negócio tinha até o logo de uma árvore, remetendo à ecologia. Em sites de serviços de frete, o telefone do local apontava o nome de Marcel Brene, gerente do bando também preso, mas esse era um dos poucos locais em que o nome de integrante da quadrilha aparecia.

SEGUNDA FASE

A operação desencadeada pela Polícia Civil há seis meses, a fim de investigar o roubo de cargas em cinco rodovias do Estado, como Rodoanel Mário Covas e Via Anchieta, que cortam cidades do Grande ABC, está agora na segunda fase, que consiste em identificar as cerca de 50 empresas que estariam envolvidas no processo como receptoras das matérias-primas roubadas. Apesar de já ter caminhos a seguir, os agentes não divulgam detalhes sobre o andamento das investigações para não prejudicar o trabalho. 

Questionado ontem pela equipe do Diário sobre possíveis empresas da região envolvidas na operação, o delegado André Santos Legmaioli, titular da Dise (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes) de Santo André, informou que ainda não há novidades no caso. 

Segundo a investigação, o homem identificado como estelionatário no organograma da polícia ainda não foi identificado, mas se sabe que era responsável pela coordenação dos trabalhos nos galpões em Mauá. Ele completava o trio administrativo com Siomara Laureano Coutinho, funcionária de empresa que fornecia notas fiscais frias ao bando, e José Francisco Domingos, empresário parceiro do grupo.

Já a área financeira da quadrilha era comandada por Fabiana, que já teria tido relacionamento com o chefe operador do bando Fabio Henrique Munoz. Ela foi procurada em casa e no escritório, mas ainda não foi encontrada. Outros dois foragidos são Luiz (identificado como logística no organograma), e Weder, um dos motoristas chave na mão, que estava detido mas foi solto um dia antes da operação ser deflagrada. 

Também na área da logística, Batoré foi encontrado. Ele é irmão de Alex, mas por ser menor de idade não foi preso junto com os demais. Os dois motoristas restantes, Rodrigo e Wellington, são de outros Estados e por esse motivo foram encaminhados mandados de prisão para serem efetuados em Minas Gerais e Rio Grande do Sul. 




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