Promessa era transferir distribuição de medicamentos do Mário Covas para municípios até dezembro
Discutida desde 2014 e prometida pelo secretário adjunto de Saúde do Estado, Eduardo Ribeiro Adriano – em abril –, para ser concluída até dezembro, a descentralização da Farmácia de Alto Custo do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, fracassou mais um ano. O assunto voltou a ser debatido pelo Consórcio Intermunicipal do Grande ABC em janeiro, no entanto, o avanço da questão ainda depende de aval do Estado, que analisa duas propostas de distribuição dos medicamentos: nos AMEs (Ambulatório Médico de Especialidades) de Santo André e Mauá, ou nos postos do Poupatempo da região (Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá).
Se concretizada, a ação ajudaria a diminuir o tempo de espera para retirada de remédios, que hoje chega a durar quatro horas. “É cansativo. Tem mais de 150 pessoas na minha frente”, reclamou a técnica de enfermagem Daniela Braga Cintra, 36 anos, de Santo André, enquanto aguardava atendimento. “Descentralizar seria muito bom para a população, desde que fosse organizada (a distribuição) e a demanda de remédios atendesse a quantidade de solicitações.”
Toda vez que vai ao Hospital Mário Covas, a dona de casa Djanira Silva, 71, de Mauá, não leva menos do que duas horas para conseguir retirar medicamento para glaucoma. “A descentralização seria muito boa, pois reduziria as filas e também o tempo que levo para vir até Santo André”, diz.
No início do ano, o Consórcio retomou a discussão sobre a distribuição descentralizada de medicamentos de alto custo para a região e apresentou propostas. A ideia é que municípios da região assumam a responsabilidade de distribuir remédios de alto custo.
Em uma das propostas, de logística mensal, os municípios receberiam os medicamentos em centros de distribuição determinados e solicitariam subsídio estadual para custeio de despesas de armazenagem, logística e segurança. No segundo pleito, com logística diária, cada cidade receberia pacotes de medicamentos provenientes da central de distribuição estadual, e se encarregaria da entrega aos munícipes.
A Pasta estadual, por sua vez, reluta em arcar com os custos do procedimento. Por meio de nota, declara que mais de 90% dos municípios de São Paulo têm parceria para redistribuição de medicamentos de alto custo e “financiam integralmente suas farmácias próprias, uma vez que o Estado já fica responsável pela compra dos produtos”, e diz que está “à disposição dos gestores regionais para proceder de igual forma no Grande ABC”.
A Secretaria de Saúde estadual destaca ainda que “tem dialogado e dado apoio técnico aos municípios do Grande ABC e espera parecer das prefeituras para dar andamento à descentralização”. O Consórcio Intermunicipal, por sua vez, diz que “aguarda retorno do governo do Estado em relação às proposições apresentadas”.
Embora a questão esteja sendo discutida pela entidade regional, envolvendo seis das sete cidades (Diadema não integra mais o Consórcio), o prefeito de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), se reuniu, em novembro, com a diretora do Departamento Regional de Saúde da Grande São Paulo, Vânia de Azevedo Tardelli, pedindo unidade da farmácia de medicamentos de alto custo na cidade. Segundo a Prefeitura, estudos estão sendo realizados para avaliar a hipótese. “A administração estuda a melhor logística para a implantação do serviço, além de questões de segurança e armazenamento. Uma das possibilidades é a implantação do serviço no AME de Mauá”, informou o governo mauaense.
A secretaria estadual destacou ainda que tem trabalhado para melhorar o serviço. “Desde 2013, têm sido realizadas diversas ações, a começar pela ampliação da área de espera da farmácia, que passou de 250 assentos para 450. Desde o ano passado, entregas trimestrais de medicamentos têm sido realizadas de forma gradativa, para que a frequência de pacientes seja reduzida e, consequentemente, haja maior celeridade no atendimento”, ressalta.
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