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O país das notícias velhas
Carlos Brickmann
08/03/2017 | 07:00
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Lula informa em entrevista que aceita ser presidente do PT. Quando, desde que Lula é Lula, ele deixou de ser, de direito ou de fato, o presidente do PT? Quem é que manda no PT: Mercadante, Falcão, Mantega, Dilma?

Alckmin informa que gostaria de ser candidato à Presidência em 2018. E quem é que não sabia disso há anos? Ele quer, o Aécio quer, o Serra quer – até agora, quem não os quis foram apenas os eleitores.

O prefeito João Doria, com alto nível de aprovação, garantiu que não é candidato à Presidência, e que apoia Alckmin. E que é que queriam que ele dissesse? Se admitisse ser candidato, o governador Alckmin passaria a tratá-lo como adversário. Os demais candidatos mobilizariam suas tropas de choque para desgastá-lo. Os seguidores de Aécio, Alckmin e Serra no PSDB lutariam para inviabilizá-lo no partido. Doria conhece a importância da máquina de Alckmin para lançá-lo e elegê-lo. Ele pode ser candidato se Alckmin desistir; se o PSDB se convencer de que, com Aécio ou com Serra, vai perder de novo; e que, com Doria, pode ganhar.

A defesa do presidente tenta anular o processo contra a chapa Dilma-Temer, alegando que foi alimentado por vazamentos irregulares e é, portanto, ilegal. Pode ser; mas quem é que não sabe que boa parte das doações ia mesmo para o caixa dois? De novo, só os detalhes. Mas sempre se soube que nossos líderes são os melhores que o dinheiro pode comprar.

Fernando Henrique explica

O financiamento de campanhas nunca deixou de ter aspectos ocultos (embora menos escandalosos do que agora, em que até governos estrangeiros foram pixulecados para favorecer empresas brasileiras). Mas todos conheciam o caminho das pedras. Agora Fernando Henrique recebe espaço nos noticiosos para contar aquilo que, se os cisnes do Palácio da Alvorada falassem, grasnariam para qualquer maluco que conversasse com eles. O fato é o seguinte: nos meios políticos, arrecadar dinheiro irregular para a campanha é um fato da vida, um deslize menor. Mas pegar parte do dinheiro para enriquecer é corrupção, um crime. O político honesto é o que usa na campanha tudo aquilo que arrecada, sem apropriar-se de nada.
Fernando Henrique está certo, mas diz o óbvio. Quem não sabia disso?

Quem sabe um dia

Dizem que a nova lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, levará ao Supremo mais 30 nomes de autoridades. É dinamite pura – ou melhor, não é, não. Na segunda-feira, a primeira Lista de Janot, em que eram pedidos 28 inquéritos sobre 55 suspeitos, completou dois anos. Entre a lista de Janot e hoje, a Procuradoria apresentou 20 denúncias, contra 59 pessoas. Até agora, o Supremo recebeu cinco denúncias e enviou duas à primeira instância. Foram abertos 27 inquéritos, dos quais 40% foram arquivados, total ou parcialmente; 17 ainda estão correndo.

Como pode o STF enfrentar o volume de trabalho da nova Lista Janot?

Uma ideia de quem sabe
O jurista Miguel Reale Júnior, um dos autores do pedido de impeachment de Dilma, propõe saída para dar vazão aos processos com foro privilegiado: criar duas forças-tarefa no Supremo. Uma, formada por desembargadores escolhidos pelos ministros, teria como tarefa acelerar a fase de instrução dos processos; outra, juntando desembargadores, a Procuradoria-Geral da República e a PF (Polícia Federal), iniciaria imediatamente as investigações requeridas pelo Supremo. Pode dar certo.

Lula e Moro, frente a frente

O juiz Sérgio Moro agendou o depoimento de Lula para 3 de maio, às 14h, em Curitiba. Até agora Lula conseguiu depor à distância, em contato eletrônico com Moro. Nesse processo – o do apartamento triplex no Guarujá – pode ocorrer o primeiro encontro pessoal entre ambos. 




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