Eleições 2016 Titulo Celso e Tortorello
Legados de Celso Daniel e Tortorello ainda são explorados em eleição

Candidatos aos Paço em Santo André e
São Caetano levantam projetos de prefeitos

Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
11/09/2016 | 07:00
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Montagem/DGABC


Atuais candidatos ao Paço de Santo André e São Caetano tentam ainda colar imagem e se ancorar nos legados dos prefeitos Celso Daniel (PT, morto em 2002) e Luiz Olinto Tortorello (PTB, morto em 2004), respectivamente, mesmo após mais de dez anos de morte. As figuras políticas continuam sendo exploradas até hoje pelos concorrentes na disputa eleitoral – assim como em pleitos municipais anteriores –, que levantam bandeiras propostas pelas gestões, encerradas com índices favoráveis de popularidade. Ambos morreram no exercício do cargo. Curiosamente, tiveram três mandatos na Prefeitura, sendo eleitos no mesmo ano: em 1988, 1996 e 2000.

Integrantes da família dos dois políticos miraram conquistar o espólio eleitoral. Os herdeiros não tiveram, até agora, a capacidade política de aglutinar forças. Sobrinho de Celso, Rafael Daniel (PMDB) foi candidato a vereador em 2008, a vice em 2012 e, atualmente, está na corrida sucessória. Irmão do petista, Bruno Daniel (Psol) chegou a ser cotado, mas declinou da proposta. Já pelo lado dos Tortorello, Marquinho, filho do petebista, teve dois mandatos de deputado estadual, porém colecionou derrotas sem o aval do pai. Irmãos do ex-parlamentar, Marta e Luizinho também ficaram pelo caminho, bem como Jayme e Antônio de Pádua, irmãos do prefeito.

Professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), Marco Antônio Teixeira pontuou que expoentes políticos, considerados referência, mantêm apelo eleitoral e, geralmente, têm chamariz para capitalizar voto, contudo “é rara a transmissão após período de ausência (da imagem)”. “Em vida, eles podem alavancar, e impulsionar a carreira. Depois torna-se barreira.”

Celso notabilizou-se pela discussão de problemas regionais, encabeçando a criação do Consórcio Intermunicipal, que concentrou logo de início a destinação dos resíduos sólidos. Ele era considerado administrador em potencial. Sempre foi filiado ao PT, embora transcendesse as linhas do partido. Era o homem-forte da campanha presidencial de Lula em 2002 e teria cadeira no primeiro escalão.

Dos sete postulantes ao Executivo andreense, pelo menos, cinco falam em resgatar políticas de Celso. O plano de reeleição do prefeito Carlos Grana (PT) trata, por exemplo, do Eixo Tamanduatey, puxando o quesito de desenvolvimento econômico, aspecto abordado também por outras candidaturas adversárias, como a de Ricardo Alvarez (Psol). O tucano Paulinho Serra utiliza em seus discursos que a cidade não tem evolução em estatísticas econômicas há 15 anos, desde a época de Celso, falando em retomar ideia de planejamento. Ailton Lima (SD) usa dados semelhantes para criticar a queda de arrecadação. Rafael Daniel busca emplacar seu nome diante da proximidade familiar.

Rafael é filho de Maria Elizabeth Daniel, irmã do prefeito. O peemedebista admitiu ser recorrente em campanhas ouvir a tentativa de pegar carona e abraçar o legado do tio. “Nenhum deles conseguiu, de fato, ou não quis dar continuidade ao ideal do Celso. Quem assumiu na sequência (João Avamileno, PT, então vice, Aidan Ravin, PSB, e Grana) não teve esse cuidado de analisar e implementar as propostas. Faltou capacidade de administração com a visão no social”, disse, embora mencione que alguns itens estejam obsoletos.

Em sabatina no Diário, o prefeiturável Raimundo Salles (PPS) fez duras críticas a Celso ao dizer que o maior volume da dívida da Prefeitura refere-se ao período do petista no comando, lembrando o caso do aumento salarial do funcionalismo público, que resultou em precatórios, e a diferença de valores pagos na compra da água da Sabesp a partir de 1997, o que provocou o débito hoje de R$ 3,2 bilhões, de acordo com a empresa paulista. “Há endeusamento exagerado. O povo esquece que ele deixou as duas maiores dívidas da cidade.”

Tortorello, por sua vez, era conhecido pela personificação da gestão, estilo bonachão com jeito caipira – oriundo de Matão, Interior de São Paulo – e habilidade de fazer costuras políticas. Sempre foi filiado ao PTB e tinha o PT como principal rival. Colocou o famoso T do sobrenome em diversas obras públicas do município. Tinha o desejo de ser governador do Estado.

Em São Caetano, dos oito candidatos, ao menos a metade levanta o nome de Tortorello. O atual prefeito Paulo Pinheiro (PMDB), o ex-chefe do Executivo José Auricchio Júnior (PSDB), Fabio Palacio (PR) e Gilberto Costa (PEN) associam-se à figura do petebista. 




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