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Expedição encontra arte rupestre e novas espécies na Serra do Mar
Andrea Catão
Do Diário do Grande ABC
04/12/2005 | 08:11
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O plano de manejo do Parque Estadual da Serra do Mar feito pelo IF (Instituto Florestal) aponta que a Mata Atlântica do Estado de São Paulo tem espécies de plantas, animais e insetos até então desconhecidos da ciência. A maior unidade de conservação de remanescente da Mata Atlântica do país também guarda pontos de arte rupestre e sítios arqueológicos inéditos. O estudo, embora tenha revelado mais do que o esperado, é superficial. Mas indica que biólogos, arqueólogos e tantos outros profissionais ainda têm muito trabalho pela frente para catalogar todo o patrimônio natural e histórico existente, além de reunir elementos que reforcem a necessidade de conservação desse delicado ecossistema, constantemente ameaçado pela atividade humana.

Com cerca de 315 mil hectares, o parque vai de São Bernardo e Cubatão até Ubatuba, na divisa com o Rio de Janeiro, onde se sobrepõe ao Parque da Bocaina, na região de Parati. A unidade de conservação foi criada em 1977 e mantém preservada boa parte da vegetação, embora mais por conta das dificuldades impostas pela geografia – grandes encostas escondidas por densas florestas. Vale lembrar que da Mata Atlântica original do Brasil, que ia do extremo Sul até o Norte do país, restaram apenas 3%. Desse total, dois terços se encontram nos Estados de São Paulo e Paraná.

O plano revelou que a Mata Atlântica do Estado concentra mais de um terço das espécies de anuros – sapos – dentre todas as unidades de conservação do país. Descobriu-se até uma espécie de sapo que ainda não havia sido catalogada, bem como de árvores nativas e insetos. Também é grande o número de mamíferos e répteis naturais de Mata Atlântica, que há muito não habitam em outras unidades de conservação do Brasil.

Um dos pontos que mais gerou interesse entre os pesquisadores que desenvolvem o trabalho no parque desde fevereiro deste ano foi a grande quantidade de sítios arqueológicos e inscrições rupestres encontrados. “O levantamento preliminar indica que a maioria dos pontos catalogados no parque é anterior ao período da colonização do Brasil. O que mais nos surpreendeu é que ao iniciar o plano de manejo nosso interesse era levantar, com prioridade, todos os recursos naturais disponíveis e o nível de degradação das áreas que tiveram intervenção humana recente. Mas o encontro desses sítios e inscrições vão servir de objeto de investigação arqueológica”, afirmou a arquiteta Adriana Mattoso, coordenadora-geral do Plano de Manejo da Serra do Mar.

Desenvolvido pelo IF em parceria com o Instituto Ekos Brasil, o plano de manejo aponta as áreas do parque que devem ser desocupadas e recuperadas, pontos que poderão servir de exploração turística monitorada para evitar degradação e onde e como será possível ocorrer exploração – essa exclusivamente científica, como o estudo do ecossistema e do patrimônio natural, histórico e cultural.

A arquiteta Adriana Mattoso diz que apesar de o estudo realizado pelo Instituto Florestal ter sido rápido, foi possível identificar uma série de novas espécies até então desconhecidas e verificar quais das catalogadas encontram-se em abundância na Mata Atlântica.

Segundo Adriana, dentre as espécies, a maioria é endêmica e indicativa de qualidade ambiental, e existem outras tantas ameaçadas de extinção – a maioria macacos. O número, porém, é incerto, pois depende de estudos mais aprofundados, que devem ficar a cargo de universidades, instituições e entidades.




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