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Opep faz acordo sobre produçao de petróleo; Ira é contra
Do Diário do Grande ABC
29/03/2000 | 09:37
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Depois de uma última série de duras negociaçoes, a Opep conseguiu nesta quarta-feira um acordo para aumentar ligeiramente a produçao de petróleo, com o objetivo de estabilizar o mercado, mas à custa de uma brecha em sua unidade, já que o Ira se recusou a assiná-lo.

Ao final de uma conferência de dois dias e múltiplas conversaçoes informais, nove dos 11 membros da Organizaçao dos Países Exportadores de Petróleo decidiram restabelecer sua produçao ao nível anterior ao acordo de março de 1999, a partir de 1º de abril.

Este acordo, que permitiu deter a queda dos preços do petróleo cru, estabelecia uma reduçao na produçao de 1,7 milhoes de barris ao dia (mbd).

Mas o Ira se recusou a assinar o compromisso nesta quarta-feira, rompendo a coesao que o cartel vinha mantendo há mais de um ano. Teera se opôs a um aumento muito importante na produçao, que poderia fazer baixar os preços e, portanto seus lucros com a venda do petróleo.

``Discutimos e trabalhamos arduamente, para demonstrar nossa flexibilidade, mas nao conseguimos chegar a uma decisao unânime', declarou o ministro iraniano do Petróleo, Bijan Namdar Zangeneh, cujo país é o segundo maior produtor de petróleo da Opep.

``A Opep continua unida e o Ira permanece como membro, com plenos direitos' afirmou o secretário-geral da organizaçao, Rilwanu Lukman, lembrando que nao é a primeira vez que um ou vários Estados-membros decidiam discordar ou manifestar suas reservas em relaçao a um acordo.

A Arábia Saudita, que junto com seus aliados do Golfo havia militado ativamente por um aumento de 1,7 mbd, negou que as pressoes norte-americanas sobre a Opep tenham pesado sobre a decisao da organizaçao.

Por outro lado, este acordo foi bem recebido pelos Estados Unidos. O topo da produçao dos nove países da Opep que assinaram o acordo deve acontecer a partir de 1º de abril, com 21,069 milhoes de barris ao dia, ou seja, um aumento de 1,452 mbd, repartido entre os nove países.

Este nível, fixado desde março do ano passado em 22,976 mbd (sem incluir o Iraque) havia sido superado em mais ou menos 1,2 mbd, à medida em que o controle foi se relaxando nos últimos meses. Por esta razao, a alta decidida esta quarta-feira equivalerá a um aumento real de cerca de 300 mil mbd.

A produçao dos 11 países da Opep era estimada em fevereiro em 26,63 mbd pela Agência Internacional de Energia (AIE).

No entanto, o México, que nao é membro da Opep, deve anunciar esta quinta-feira um aumento de sua produçao, provavelmente de 200 mil a 300 mil barris ao dia.

O Iraque, nao submetido às cotas da Opep devido ao embargo petroleiro internacional desde a guerra do Golfo, também pretende aumentar sua produçao.

A Opep espera que a maioria da produçao suplementar posta à venda no mercado sirva para reconstituir as reservas petrolíferas no segundo trimestre, segundo o secretário-geral da organizaçao. Ele também acredita que os preços nao deverao baixar, mas se recusou a estimar por quanto tempo o novo nível de produçao continuaria vigente.




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