O Espaço Pirelli ficou pequeno para o público que compareceu ao desfile das seis escolas de samba do Grupo A entre a noite de domingo e madrugada de ontem em Santo André. Projetadas para 8.000 pessoas, as arquibancadas ficaram cheias logo após a abertura das apresentações, com a Acadêmicos do Centreville.

Por falta de espaço, grande público - estimado em cerca de 20 mil pessoas pela Polícia Militar - ficou do lado de fora, acompanhando a festa por meio de telões instalados numa área ao lado da passarela do samba.

Em geral, os dirigentes das escolas também elogiaram as acomodações, mas pediram mudanças. O presidente da Lírios de Ouro, Emerson Aparecido Cecatto, disse que o espaço da concentração ficou pequeno. Os componentes tinham de ficar agrupados antes de entrar na avenida, segundo Cecatto.

A pista de cerca de 300 metros também se mostrou em boa dimensão para a realidade das agremiações de Santo André. A maioria delas com cerca de 300 integrantes não conseguiu preencher toda a extensão da passarela de uma só vez - quando a comissão de frente finalizava o desfile, a última ala já estava na metade de passarela . A única agremiação que ocupou a passarela de ponta a ponta foi Lírios de Ouro, que levou à avenida 530 componentes.

O ex-jogador do Corinthians Basílio e a ex-presidente do clube Marlene Matheus foram convidados de honra da São Jorge, que cantou os 100 anos de história do clube paulistano. "Este é o Carnaval autêntico, do povo animado. Metade de Santo André é corintiana", disse Marlene, mulher do folclórico dirigente do clube Vicente Matheus.

Violino sambista - Um violino se fez ouvir e tatuou sua vibração em meio ao ritmo forte da bateria da escola de samba Seci, quinta a desfilar anteontem no Grupo A. O som emanava do músico André Silvestre, que há oito anos toca na Camerata São Paulo Jovem e no Alegro Coral e Orquestra, na Capital.

Para Silvestre, o casamento entre os instrumentos deu certo na avenida porque o mestre de bateria, Ricardo Bastos Pereira, fez a melodia do samba-enredo pensando no violino.

"Ensaiamos um mês, e a combinação ficou muito boa. Não foi difícil, porque, quando os instrumentos se juntam, falam a mesma língua", avaliou o músico, que pela primeira vez participou de um desfile.

Folia de 2011 ainda acontece em arquibancadas provisórias
Animado com o comparecimento em massa, o prefeito de Santo André, Aidan Ravin, disse que o espaço vai ser ampliado para o Carnaval de 2011. A ideia é colocar arquibancadas dos dois lados da avenida para abrigar um maior número de pessoas.

Foi a primeira vez que a Prefeitura de Santo André utilizou o Espaço Pirelli para a festa.

Neste ano, as estruturas metálicas para receber o público foram montadas de um só lado - na outra extremidade da avenida ficaram camarotes para convidados e autoridades.

Como o local ‘passou no teste', a intenção agora é torná-lo melhor e, como pretende o prefeito, definitivo. Ravin declarou que quer construir estrutura fixa no local, a exemplo dos sambódromos de Rio de Janeiro e São Paulo.

Durante o ano, o espaço seria utilizado como centro cultural e também dedicado ao ensino de artes a crianças carentes.

O prefeito disse que vai negociar o terreno com a Pirelli, que poderia ceder a área em troca de uma outra que pertença à Prefeitura. Questionado se teria verba para construir o sambódromo, o chefe do Executivo municipal disse que estuda a possibilidade de fazer uma PPP (Parceria Público-Privada). "Primeiro, vamos sentar com a Pirelli e tentar negociar o terreno. Depois, partimos para o projeto", disse.

Instalações para 2011 - Mas para o Carnaval de 2011, provavelmente, arquibancadas provisórias ainda serão utilizadas. "O espaço é muito bom", elogoiu o prefeito. "Com certeza vamos ter que ampliar para o ano que vem, porque os que vieram hoje vão comentar com mais pessoas, que vão querer vir no Carnaval de 2011. Dá para fazer melhor."