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Dia da água pede uso consciente do recurso

Para especialistas, a crise hídrica atual em
SP tem papel de mudar o hábito de consumo

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
22/03/2015 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


A grave crise hídrica, principalmente em São Paulo, faz com que o Dia Mundial da Água, comemorado hoje, se torne data propícia para a discussão de maneiras conscientes de uso do recurso. Em casa, medidas simples como diminuição do tempo do banho, reutilização da água da máquina de lavar roupas para limpeza do quintal e reaproveitamento de água da chuva podem responder por economia de até 40%.

Conforme relatório divulgado na sexta-feira pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), a população mundial deverá enfrentar deficit de 40% no abastecimento até 2030 caso não tome medidas drásticas para melhorar a gestão do recurso natural. “O único ponto positivo da crise é a conscientização sobre a necessidade de economizar água. O brasileiro ainda tem a ideia de que aqui é a terra da fartura e que nunca vai faltar nada, por isso, esse consumo desenfreado”, destaca o professor de Engenharia Mecânica da FEI, Jorge Giroldo.

O especialista ressalta a importância de ações programadas, tanto por parte da população, quanto de empreiteiras e do poder público. “Em casa, quem não tem dinheiro para investir em sistema de calha para armazenar água da chuva pode apenas guardar o recurso em reservatório com tampa e reutilizar. Agora, as construtoras já deveriam, por exemplo, projetar residências, até mesmo as verticais, com tubulação específica para água pluvial. Isso certamente não aumentaria muito o custo da construção e seria fundamental para a economia de água potável.”

INOVAÇÃO

A preocupação com o desperdício de água durante o período de espera para aquecimento do chuveiro a gás motivou o estudante de mestrado em Engenharia Elétrica da FEI, Carlos Eduardo Silva Guedes, 42 anos, a desenvolver sistema capaz de diminuir esse tempo em até 95% e, com isso, economizar cerca de 15 litros do recurso por banho. A invenção consiste em aparelho que deve ser acoplado na saída do aquecedor e que usa energia elétrica para esquentar a água.

“Com o aquecimento a gás, a água demora cerca de um minuto e meio para chegar à temperatura média para banho (38°C) e, considerando vasão de 20 litros por minuto, temos desperdício grande por pessoa. O aparelho elétrico compensa essa falha do aquecedor e desliga automaticamente assim que a água atinge o estado ideal”, explica Guedes.

Apesar de ainda ser protótipo, o mestrando acredita que a inovação teria custo acessível ao consumidor – em média R$ 350. “Estou procurando parceiros que se interessem no projeto e queiram tornar a ideia comercial.”

Movimento busca participação social

“O interessante da crise hídrica é que ela é sistêmica. Todos conseguimos enxergar nosso papel”, defende a coordenadora do Centro de Sustentabilidade e do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental da Metodista, Waverli Neuberger. O pensamento da especialista é mote do Movimento Fonte de Mudanças, que será lançado pela universidade na quinta-feira. A proposta é incentivar atitudes sustentáveis da população em relação ao meio ambiente por meio do conhecimento.

O portal (www.metodista.br/fontedemudancas) disponibilizará vídeos, com reportagens e aulas sobre o tema, notícias, infográficos que dão mais detalhes sobre o Sistema Cantareira e a crise hídrica, entre outros conteúdos e informações. “Sabemos que a maior parte da população tem dúvidas e a universidade tem papel de produzir conhecimento e apontar para caminhos futuros”, destaca Waverli.

A interação, via site e redes sociais, será outro recurso utilizado para atrair participantes. A população poderá enviar vídeos com dicas de economia de água no dia a dia e quaisquer outras informações que possam contribuir. “Não é momento de procurar culpados, e sim convergências para enfrentar o problema”, observa a especialista.




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