Do Diário do Grande ABC
30/09/1999 | 18:25
A Fiat Automóveis suspendeu
nesta quinta-feira, por um período de 30 dias, oitos funcionários diretores do
Sindicato dos Metalúrgicos de Betim. Durante a suspensao, a
empresa vai investigar a participaçao desses sindicalistas no
conflito de quarta-feira, que deixou pelo menos 17 feridos. O confronto
entre policiais, seguranças da montadora, operários e
sindicalistas da centrais CUT e Força Sindical ocorreu por volta
das 5 horas de quarta-feira, durante a tentativa frustrada dos
metalúrgicos de parar a montadora italiana. O protesto era parte
do "Festival de Greves", organizado pelas centrais para
pressionar o setor automobilístico a definir um contrato
coletivo nacional para a categoria.
Para liberar a Rodovia Fernao Dias, que havia sido
interditada pelos manifestantes para impedir o acesso dos
trabalhadores à fabrica, policiais militares usaram bombas de
efeito moral e tiros para o alto. Apenas às 9 horas os
funcionários da Fiat começaram a entrar para o início do
expediente.
A suspensao de funcionários estáveis para investigaçao
sobre envolvimento em falta grave está prevista no artigo 494 da
Consolidaçao das Leis do Trabalho (CLT). De acordo com a
Assessoria de Imprensa, a direçao da montadora quer saber o grau
de culpabilidade dos diretores nos ferimentos provocados em 17
funcionários atendidos na unidade hospitalar interna.
Os metalúrgicos suspensos chamaram a medida de
retaliaçao e foram às portarias da fábrica protestar. Nesta quinta-feira a
Federaçao Sindical e Democrática dos Metalúrgicos de Minas
Gerais enviou carta ao governador Itamar Franco (PMDB) cobrando
explicaçoes sobre a atuaçao da PM no ocorrido. "A quem deve
obediência a Polícia de Minas?", questiona o documento. "Ao
governador do Estado ou à direçao das empresas multinacionais?"
De acordo com a federaçao, a PM, além de agredir os
manifestantes, sob orientaçao de seguranças da Fiat, impediu até
a distribuiçao de boletins do sindicato dos metalúrgicos.
Produçao - A Fiat informou nesta quinta-feira que o conflito da
quarta-feira nao provocou baixa na produtividade diária que é,
em média, de 1.800 carros. Com as atividades normalizadas, a
montadora comemorou nesta quinta-feira o lançamento do novo modelo da marca, o
Bravo. Os trabalhadores foram recebidos, no início de seus
turnos, por trios-elétricos. Tiveram almoço e jantar especiais e
a oportunidade de participar do test-drive do carro.
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