O procurador da República Guilherme Schelb confirmou, na noite desta quarta-feira, em depoimento secreto ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado, que o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) revelou ter uma "relação" ou "lista" de como votaram os senadores na sessão que cassou o mandato de Luiz Estevão. Mas a lista, prosseguiu Schelb, não foi adquirida em uma violação do painel eletrônico de votação. O procurador disse que ACM teria deduzido todos os votos em conversas com os outros senadores.

Schelb e a colega Eliana Torelly foram convocados pela segunda vez ao Senado para falar sobre a conversa que eles e o também procurador Luiz Francisco de Souza tiveram com ACM na sede do Ministério Público Federal em Brasília. Souza gravou o diálogo e repassou a fita para a revista IstoÉ, que divulgou o conteúdo do encontro em uma edição especial.

Schelb confirmou que a publicação acertou nos temas gerais da conversa, mas divulgou alguns trechos inverossímeis do encontro. O procurador disse que ACM não sugeriu investigações nas movimentações bancárias e ligações telefônicas do ex-secretário-geral da Presidência Eduardo Jorge Caldas para se chegar ao presidente Fernando Henrique Cardoso em casos de corrupção. Essa versão, que consta da matéria da IstoÉ, foi confirmada por Luiz Francisco de Souza em seu depoimento aos senadores.

O procurador evitou fazer declarações sobre seu novo depoimento à comissão depois das mais de três horas de sessão desta noite. Ele não confirmou as versões contadas por senadores, entre eles Bello Parga (PFL-MA), que assistiram à reunião desta quarta-feira.

Depois de Schelb, foi a vez de Eliana Torelly ser ouvida. Com o plenário quase vazio por causa da hora bastante avançada, a procuradora não falou por muito tempo.

Mas os dois podem ter de voltar uma terceira vez ao Senado para depor sobre a polêmica conversa com ACM. Devido às contradições existentes entre as versões de Schelb e Eliana e a de Souza, senadores da comissão de ética pensam em promover uma acareação entre os três.