Quem enfrenta algum problema de saúde e recorre aos equipamentos municipais de São Bernardo tem encontrado problemas. Após ter enfrentado ao menos três episódios de filas gigantescas para marcação de consultas e exames desde o início do mês passado – que culminaram na demissão do coordenador de atenção básica da cidade, Rodolfo Strufaldi, os munícipes têm se deparado com horas de espera por consultas e exames em serviços de emergência.

A equipe do Diário esteve na manhã de ontem na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Alves Dias, no bairro Assunção. Foi lá que no dia 21 de maio, o mecânico aposentado Augusto José Dionísio, 67 anos, morreu, vítima de câncer no estômago, e sem ter recebido o tratamento paliativo a que tinha direito, conforme denúncia da família.

Logo na entrada, é possível observar todos os bancos ocupados por pacientes. Alguns aguardavam para serem chamados para triagem, outros apenas para o atendimento inicial, já que não havia profissional no balcão de acolhimento. Nos guichês onde as fichas são feitas, funcionária foi taxativa ao responder a pergunta sobre o tempo de atendimento. “As fichas que foram feitas 9h52 ainda estão aguardando para serem chamadas.” Já passava de 12h50. Se, após o acolhimento, o paciente fosse classificado como caso sem gravidade, a espera poderia chegar a quatro horas.

A dona de casa Juliana Farias, 30 anos, foi ao local acompanhar o marido, o ajudante geral Antonio Carlos Moraes, 32, que passou mal no trabalho com crise renal. “Ele chegou aqui 8h, já foi medicado,mas o exame de urina só vai ficar pronto 19h. Isso é um absurdo, porque ele não está internado, tem que ficar esperando, sem alimentação. Vamos para casa, porque nem é tão longe, mas e se fosse”, questionou a munícipe. Por coincidência, o padrasto da dona de casa também aguardava por atendimento na unidade, desde 9h30 e, às 12h50, ainda não havia sido atendido.

Moradora contou que a filha, de 21 anos, estava desde domingo indo a serviços de urgência na cidade, também com problemas renais. Na terça-feira, passou quase nove horas no PS (Pronto-Socorro) Central, aguardando atendimento e exames, mas foi embora antes do retorno com o médico, pois estava cansada e com fome.

A mãe reconhece que procurar apenas serviços de emergência não é o ideal, mas relatou as dificuldades para marcar consultas na UBS (Unidade Básica de Saúde) do seu bairro. “Só dá para marcar um dia por semana, normalmente ao meio-dia, e todo mundo trabalha na minha casa, fica difícil. Hoje vou entrar mais tarde no trabalho porque vim acompanhá-la, mas tem sido complicada essa situação”, lamentou.

A equipe do Diário também constatou goteiras na área de atendimento. Faltava papel toalha no banheiro feminino e o suporte para sabonete estava quebrado. A Prefeitura não se posicionou sobre o tema até o fechamento desta edição.