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Mega é esperança para pagar dívidas

Mesmo com a pandemia da Covid, moradores da região fizeram filas em casas lotéricas

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
31/12/2020 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


Com a pandemia da Covid, e as dívidas acumuladas ao longo do ano, apostadores veem na Mega da Virada a oportunidade de colocar a vida financeira em ordem. Não à toa, moradores do Grande ABC fizeram filas e lotaram as casas lotéricas da região em busca de colocar no bolso o prêmio acumulado de R$ 300 milhões, que será sorteado hoje, às 20h.

A equipe do Diário percorreu casas lotéricas da região e ouviu moradores que têm o sonho de começar 2021 milionário. No entanto, diferentemente dos anos anteriores, em que as pessoas diziam não saber, ao certo, o que fazer com tanto dinheiro, o desejo agora é unânime em quitar dívidas.

Na Lotérica Fortuna, no Centro de Santo André, os apostadores afirmaram que estavam ali para “testar a sorte” e, ganhando, “sanar todas as dívidas vindas com a Covid”.

Um dos clientes que se manifestaram foi o morador da Vila Lutécia Edson Aparecido Martins, 61 anos, que não hesitou em dizer que quer “quitar todas as dívidas”. “Depois vejo o que fazer com o dinheiro.”

O aposentado Manoel Rosa de Oliveira, 80, estava mais animado e, em vez de pensar nas dívidas, quer “sossego”, como ele mesmo disse. O senhor contou que mora no Parque Gerassi, em Santo André, mas que fica mais tempo em seu sítio em Goiânia. “Fiz dez jogos. Se ganhar, vou aplicar e comprar gado”, sonha ele, que prometeu dar um carro para a atendente que fez suas apostas.

Na Lotérica Chaparral, também na região central de Santo André, a empresária Karina Nardi, 36, revelou que tenta a sorte na Mega da Virada desde que começou a premiação, em 2009. “Neste ano, com a pandemia, tudo ficou bem difícil. Quero o prêmio para quitar minha casa e ajudar algumas entidades sociais”, promete.

Em São Bernardo, a lotérica que fica na Galeria 48, na Marechal Deodoro, no Centro, estava com fila menor do que nas demais cidades. O manobrista Daniel Machado, 52, revelou que, além de usar o dinheiro para melhorar as condições financeiras, quer “viajar muito”. Mas também pretende ajudar as pessoas. “É sempre bom compartilhar”, afirma.

Na Barão de Mauá, em Mauá, a Lotérica Mauá estava lotada e com filas desorganizadas. O aposentado José Ataide, 53, conta que aposta todos os anos no sonho de melhorar de vida, e lamenta que até hoje não foi o sortudo da vez. “Vai que este ano seja eu, né?” brinca. “Quero comprar uma casinha para minha mãe, reformar a minha e comprar um carro novo”, diz.

A Lotérica Castelo, na Avenida Presidente Castelo Branco no Zaíra, continua com filas cada vez maiores, já que é famosa por ser pé-quente  – em 2012, um morador da cidade que fez a aposta na casa foi sorteado e levou a bolada de R$ 177,6 milhões. No entanto, mesmo lotada, a casa, por sua vez, era a única das visitadas pelo Diário que mantinha os cuidados sanitários contra a Covid, como o controle no número de dentro do imóvel, exigência do uso do álcool gel e colocação da máscara da forma correta.

Na fila, a população comentava sobre a possibilidade de, com o prêmio, zerar boletos, mas os sonhos vão além. Mãe e filha, a professora Eliane Reis Silva dos Santos, 52, e a desempregada Bruna dos Santos, 27, estavam confiantes em levar o prêmio. “Se eu ganhar, quero ir embora para a Europa”, sonha Eliane, contando que também ajudaria sua família. Bruna, porém, afirma que depois de ajudar os parentes pensaria no que fazer.

PARA JOGAR

Os interessados em concorrer ao segundo maior prêmio da história da Mega da Virada (o mesmo que foi pago em 2019) podem apostar até as 17h de hoje.

Bolada vale 68 apartamentos em Paris

O prêmio acumulado da Mega da Virada, de estimados R$ 300 milhões, pode garantir ao sortudo que levar a bolada o equivalente a 68 apartamentos de 53 m², com um dormitório, no badalado bairro do Quartier Latin, em Paris, conforme afirmou o professor e coordenador do Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), Jefferson José da Conceição.

“Um apartamento lá (em Paris) custa em média 350 mil euros. O prêmio equivaleria também ao apartamento mais caro do Rio de Janeiro hoje, de R$ 3.900 m², que custa R$ 65 milhões. Ou seja, o dinheiro daria para comprar 4,6 destes apartamentos”, enumerou o especialista.

Pensando no Grande ABC, o professor destacou que o montante também permitiria ao ganhador propor uma parceria com a construtora que comprou a fábrica da Ford em São Bernardo por R$ 550 milhões. “A fábrica da Ford está situada em terreno de mais de 1 milhão de m². O ganhador do prêmio poderia entrar com 55% do valor da compra”, exemplificou Conceição, calculando ainda a possível compra de 6.382 carros novos, modelo Gol, da Volkswagen.

“O ganhador poderia também dividir seu prêmio com 5 milhões de famílias carentes, dando para cada uma delas uma cesta básica no valor de R$ 60”, pontou Jefferson da Conceição.




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