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A comunidade científica dos EUA acaba de emitir alerta dirigido à nação, mas de interesse de todos. A Academia Nacional

Wilson Marini
07/06/2010 | 00:00
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A comunidade científica dos EUA acaba de emitir alerta dirigido à nação, mas de interesse de todos. A Academia Nacional das Ciências norte-americana afirma enfaticamente que é tempo de agir para resolver a crise climática. Em seu estudo mais completo realizado até agora, o órgão declara que a mudança climática é uma realidade e é impulsionada principalmente pela queima de combustíveis fósseis e o desmatamento. O relatório define a influência humana no clima global como esmagadora e nociva. E defende uma ação imediata e forte para limitar as emissões de gases que alteram o comportamento do clima no mundo, incluindo a criação de um sistema de preços do carbono. Os cientistas ainda sugerem que os EUA e outras nações iniciem o planejamento para enfrentar efeitos como a elevação dos níveis do mar, tempestades mais severas e secas. A falta de ação pode representar grandes custos às gerações futuras, advertem.

Visão global, ação local. O que essa notícia pode mudar a nossa vida? A resposta pode ser obtida numa frase exibida esta semana numa singela passeata de alunos da 3ª e 4ª séries de Piquerobi, pequena cidade do Interior paulista. "Quem cuida do meio ambiente, cuida de si mesmo", disseram as crianças. O sutil recado é este: defender o planeta já se transformou numa questão de sobrevivência. Alguém duvida? Os cientistas americanos, não.

‘Apatia dos cidadãos'

O leitor Geraldo Marcolongo, de São José dos Campos, escreve a respeito da nota desta coluna intitulada ‘Apatia dos cidadãos', que abordou a ausência de público em audiências municipais para discutir os gastos das prefeituras, tomando-se como exemplo o Grande ABC. Ele indaga: "Para que o cidadão comum vai comparecer a uma audiência para discutir o que se passou? Qual será sua influência sobre o futuro desde que não concorde com as contas passadas?". Marcolongo, que é aposentado, declara-se "um descrente nos políticos e nos partidos, estes para mim verdadeiras quadrilhas da pior espécie já que desviam um valor incalculável do dinheiro público em benefício dos mandatários do momento". E mais: "Nossa administração pública é um desastre e vergonhosa e sua maior aliada é a alienação dos eleitores. (...) Os partidos tem donos e só entram neles aqueles que os donos deixam e que se comprometer a seguir a cartilha. Então temos sempre mais do mesmo e não adianta algum político tentar fazer algo diferente daquilo que consta na cartilha. Usando um termo comum na política, esse diferente não terá espaço".

Observatório Social

O leitor Silvio Maximino, de Bauru, por sua vez, leu nesta coluna a respeito do papel da cidadania no controle do orçamento municipal e resolveu agir. Ele pretende organizar na cidade uma entidade formada por cidadãos interessados em repetir o sucesso de Maringá (PR), onde funciona o Observatório Social, cuja experiência foi comentada aqui. Maximino é professor universitário nas áreas de filosofia e antropologia e participa de projetos em ONGs ligados à causa ambiental. Uma de suas ideias é envolver os alunos em trabalhos práticos sobre ética e cidadania que segundo ele são componentes curriculares da Universidade Sagrado Coração de Jesus (USC), onde atua. Apoiado por um colega que se ofereceu a levantar dados a respeito, Maximino coloca o seu e-mail à disposição para quem se dispuser articular a rede: silvio.mmax@gmail.com.

As soluções

A iniciativa do leitor de Bauru pode ser resposta à justa inquietação manifestada pelo leitor de São José dos Campos. De fato, depois do leite derramado, não adianta chorar. Ou seja, pouco pode se fazer após o orçamento ter sido executado. As audiências públicas então tendem a se transformar em representação quase teatral de uma transparência que foi desejada no espírito da Lei de Responsabilidade Fiscal, mas que na prática serve muito pouco para o exercício da fiscalização e mudanças futuras. No entanto, a cidadania pode agir preventivamente, antes e durante a efetivação dos gastos públicos. Essa é a lição ensinada por Maringá e que será buscada em Bauru. Não poderia ser tentada também em outras cidades de nosso Interior? A resposta só pode ser dada localmente. Com a palavra, os leitores cidadãos.




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