Me chamaram ao Diário para uma missao especial: fazer uma cobertura jornalística diferenciada, com uma visao dos bastidores. 'Otimo', pensei cá com meus botoes. Passo dois: a missao seria acompanhar a Seleçao Brasileira na Copa América. "Futebol?!", raciocinei, meio incrédulo, já beirando o preocupado. Afinal, futebol nunca foi meu forte, agitador cultural que sou... E, finalmente, o detalhe final: no Paraguai! Confesso, senti calafrios. Digamos que esta nao seja minha regiao preferida do globo.

Nada contra os paraguaios, povo tao simpático com suas guarânias. O problema de se estar no Paraguai (neste momento na divisa) é quando descobrem sobre sua viagem no Brasil. O povo ainda acha que vive numa época em que o máximo dos máximos era usar um tênis cano alto All Star.

Duvidam? Pouco depois de aceitar a tarefa, recebo uma ligaçao. "Théozinho, querido, soube que você vai para o Paraguai. Você traz pra mim aquele guarda-chuva com a figura de uma moça pintada e cabo em formato de cisne?", dizia, toda mimosa, uma tia que nao via há anos.

E ela nao foi a única. O porteiro do meu prédio apareceu com uma listinha. Queria um relógio G-Shock, uma calça Fiorucci, um tênis 'chinesinho' e um vídeocassete quatro cabeças (com uma recomendaçao: sem pedra dentro). Um velho amigo pediu uísque (verdadeiro). O dono da padaria, acreditem, solicitou, candidamente, um game boy (atençao, nao com o tetris, que esse seu filho já tem).

Em primeiro lugar, um questionamento filosófico: se todo mundo duvida tanto do Paraguai, por que ainda faz listinhas de compra? E, por último, um desabafo: ESTAO PENSANDO QUE EU SOU A GALERIA PAGÉ???

E, para enlouquecer minha partida mais ainda, minha mae me liga. "Filho, seu ônibus vai sair do Parque D. Pedro? Está levando agasalho? E a sacola, é bem grande, né?". Eu posso?