Política Titulo São Bernardo
Choro e susto na vitória de Ferrarezi

Zé Ferreira tentou ser candidato do governo, mas foi às lágrimas quando viu empenho de Marinho por outro petista; Ramon teve projeto minado

Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
21/12/2014 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Lágrimas, contestações e reviravoltas. Esses foram os principais ingredientes que nortearam as discussões que antecederam a vitória de José Luís Ferrarezi (PT) para o comando da Câmara de São Bernardo, em eleição ocorrida na segunda-feira.

O êxito do petismo foi construído integralmente nos bastidores, a portas fechadas e com ingerência escancarada e efetiva do prefeito Luiz Marinho (PT). O chefe do Executivo deixou inclusive de participar de reunião marcada para o mesmo dia no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, onde é o presidente, somente para impor sua vontade.

Horas antes da votação, os vereadores do G-20, ala formada por 20 parlamentares que compõem a base de sustentação do governo, se reuniram com Marinho para crivo final antes da eleição no plenário. No primeiro momento, um baque para petista: o aliado Ramon Ramos (PDT) era o preferido do bloco, totalizando oito votos. Ferrarezi apresentou cinco adesões, Mauro Miaguti (DEM) somou três escolhas, José Ferreira (PT) era detentor de dois apoios e Toninho da Lanchonete (PT) tinha um voto. Antonio Cabrera (PSB) declarou voto conforme escolha do prefeito.

Diante da situação, Marinho pediu reunião fechada com os petistas. O objetivo era configurar escolha em torno de Ferrarezi para inviabilizar a candidatura do pedetista. De imediato, Toninho, isolado pela própria preferência, consentiu. Zé Ferreira, porém, contestou. Defendido pelo colega Paulo Dias, o líder do governo apostou no seu direito de concorrer à cadeira se escorando na longevidade na Casa: está em sua oitava legislatura. Conforme os argumentos foram cessando e a escolha de Marinho permanecia intacta, Zé Ferreira foi às lágrimas, mas não evitou derrota.

De volta ao encontro com os aliados, Ferrarezi já somava as oito adesões do petismo e mais a preferência de Cabrera. Era suficiente para minar Ramon. A estratégia estava consolidada. O prefeito aproveitou para destacar aos aliados que o presidente do Legislativo precisava ser do PT para expor a força do governo, prometendo que proporcionaria mais amplitude aos aliados.

Porém, menos de cinco minutos depois, nova reviravolta. José Walter Tavares e Martins Martins (ambos do PCdoB) se negaram ao aperto de mãos, alegando divergências com Ferrarezi.

Desgastado, Marinho sugeriu que o candidato da sigla poderia ser José Cloves, vereador em primeiro mandato e de proximidade com a secretária de Orçamento e Planejamento Participativo, a primeira-dama Nilza de Oliveira. Contudo, a contestação foi imediata de Ramon. Marinho recuou no plano B e manteve predileção por Ferrarezi.

No plenário, o placar final ficou 18 votos para o petista, contra oito de Osvaldo Camargo (PPS), candidato da oposição, um para Tavares e outro Martins, que lançaram seus nomes para externar a discordância pela determinação de Marinho.

No discurso da vitória, Ferrarezi defendeu o processo costurado pelo chefe do Executivo. “Era necessário ser desta forma. A eleição no Legislativo é muito importante e o prefeito contemplou todos os aliados. Nas cidades onde o governo acabou derrotado não houve essa costura”, avaliou o vencedor, referindo-se aos pleitos de Santo André, São Caetano, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, cujo eleito não foi a preferência do prefeito. 




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