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Teia de aranha sintética pode se tornar realidade
Mariana Ferraz
Ciência Hoje/RJ
21/12/2009 | 07:04
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Algo há muito desejado pela indústria por ser um material flexível e resistente, a teia de aranha sintética está mais perto de se tornar realidade. Pesquisadores brasileiros e norte-americanos conseguiram isolar, em parceria, os genes da glândula de seda de três espécies de aranhas brasileiras e inseri-los em bactérias, que passaram a produzir as proteínas que formam a teia. O desafio agora é desenvolver um método para a produção em grande escala.

A seda das aranhas tem características de flexibilidade e resistência superiores às de qualquer material existente hoje. Por isso, o interesse em produzi-la sinteticamente sempre foi grande.

"O material mais resistente e flexível que conhecemos é o polímero kevlar, usado em coletes à prova de balas. A teia de aranha tem qualidade superior à do kevlar e ainda é biodegradável, o que possibilita seu uso, por exemplo, na medicina, para a criação de fios para suturas cujos pontos não precisam ser retirados", afirma o engenheiro agrônomo Elíbio Rech, da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e líder da equipe brasileira que trabalha no projeto.

O problema, para Rech, é que não se pode fazer as aranhas produzirem o material na escala em que ele é necessário. A solução para isso foi investir em engenharia genética. Criar bactérias transgênicas, nas quais foram inseridos os genes que comandam a produção da teia, levando as bactérias a produzir as proteínas do fio. Como, no fim desse processo, as proteínas ficam imersas em um meio solúvel, os cientistas precisaram, mais uma vez, imitar a natureza.

"Nas glândulas das aranhas, as proteínas se organizam na forma de fibra com a ação de um órgão do animal chamado espirineta. O que fizemos foi simular esse órgão", conta Rech.

A produção das fibras sintéticas em escala comercial, no entanto, ainda deve levar tempo. O engenheiro conta que estão testando a produção no leite de cabras e em sementes de soja, uma vez que a produção das fibras pelas bactérias é cara e demanda o uso de uma substância tóxica.

"Mas seria muito especulativo estimar quando o material estará disponível no mercado", finaliza.




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