No primeiro bloco, os candidatos defenderam a reforma política. Antes do evento, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno, entregou a proposta de reforma política aos presidenciáveis, em breve encontro no Seminário Bom Jesus. Apenas Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PSB) não participaram do encontro, por conta de suas agendas. O cardeal informou que Marina preferiu também seguir direto para o debate porque estava com problemas na voz, o que ficou evidente no decorrer do embate. Ao chegarem, Marina e Dilma também foram as únicas que não concederam entrevista à imprensa.
Considerada a "mãe" de todas as outras reformas, a mudança do sistema político brasileiro recebeu o apoio dos oito candidatos que participaram do debate promovido pela CNBB e TV Aparecida. A maioria se colocou contra o financiamento privado de campanhas. Entre as propostas defendidas, Dilma falou de um plebiscito popular para definir a reforma e Aécio Neves (PSDB) citou a importância de implementar o voto distrital misto. Já a candidata do PSB destacou problemas de representatividade do sistema político atual.
Mesmo no bloco em que os candidatos puderam perguntar para os adversários, o embate entre Dilma, Marina e Aécio não ocorreu. E nas perguntas sobre os temas mais polêmicos, os candidatos nanicos é que foram os protagonistas das respostas, Apenas no final do último bloco é que as críticas ao governo da presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, e ao candidato do PSDB, Aécio Neves, foram feitas de forma mais contundente, o que permitiu à petista e ao tucano a concessão de direito de resposta.
"Sempre tive tolerância zero com a corrupção, não varremos pra debaixo do tapete", protestou Dilma, em resposta às críticas sobre o escândalo da Petrobras, feitas pelo tucano Aécio Neves. Em seu direito de resposta, o presidenciável do PSDB disse que acusações levianas não devem ser usadas para falar de Brasil. "Aprendi cedo que ética e política devem caminhar como irmãs siamesas", frisou.
As críticas e acusações mais contundentes acabaram sendo feitas nas entrevistas concedidas pelos presidenciáveis, antes do evento. Marina Silva foi o alvo preferencial do tucano Aécio Neves e do presidente nacional do PT, Rui Falcão, Os dois reclamaram da tentativa da adversária do PSB censurar suas campanhas. Falcão considerou "um absurdo" a censura ao site da campanha de Dilma Muda Mais, enquanto Aécio disse que foi "surpreendido" com o pedido de Marina para sua coligação tirar do ar propaganda em que diz que ela foi filiada ao PT por cerca e 20 anos.
Se o debate teve regras rígidas e foi bem planejado, os organizadores não planejaram devidamente o acesso da imprensa, que foi impedida de entrar no estúdio, teve seu trabalho dificultado e alguns profissionais foram agredidos por seguranças. Segundo José Guedes Filho, chefe da segurança da Basílica de Aparecida, os agressores foram os seguranças da Presidência da República. A assessoria da campanha da presidente Dilma Rousseff alegou que a segurança presidencial seguiu orientações da organização do debate.
No final do evento, o presidente da CNBB e cardeal Arcebispo de Aparecida, Dom Raymundo Damasceno Assis, disse que o balanço final do evento foi muito positivo, pois muitos temas foram discutidos e o eleitor poderá escolher melhor seu candidato. Além disso, ele destacou o compromisso dos candidatos em realizar a reforma política, uma das bandeiras da CNBB.
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