Setecidades Titulo Doença deixa sequelas
Mulheres idosas são maioria que precisa de reabilitação pós-Covid

Restabelecimento pulmonar e fortalecimento muscular são mais comuns

Por Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
02/01/2021 | 00:01
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Pixabay


Mesmo depois do susto de ser diagnosticado com a Covid-19, ser tratado e se curar, a doença pode deixar rastros. Segundo estudo realizado com 30 pacientes do Ambulatório de Recuperação Fisioterapêutica, da Clínica Escola de Fisioterapia da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), 63,3% das pessoas que necessitam de reabilitação são mulheres, com idade média de 60,7 anos, sendo que 76,6% tinham ao menos uma comorbidade e 40% eram obesas.

A pesquisa, publicada pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da USCS) em dezembro, também indicou que a maioria dos pacientes precisa de reabilitação pulmonar, fortalecimento da musculatura global (inclui tronco, membros superiores e inferiores), acompanhamentos psicológico e nutricional. Apesar das sequelas ainda estarem sendo estudadas, a publicação sugere que o dano irreversível a longo prazo é “relativamente raro”, e a expectativa é a de que a maioria dos problemas seja sanada entre 12 e 24 meses.

“Estamos observando que pacientes com menos sequelas acabam melhorando entre quatro e cinco semanas”, aponta Adriana Paulino de Oliveira, professora responsável pelo Ambulatório de Reabilitação Pós-Covid da USCS. Ela complementa que, de setembro a dezembro, 47 pacientes foram atendidos, dos quais 11 já receberam alta. “Eles têm melhorado bastante, alguns chegaram no ambulatório em cadeira de rodas e, em média, de três a quatro semanas já começaram a deambular (<CF51>caminhar</CF>) sem ajuda e a ganhar mais independência para realização de atividades diárias.”

Entre os pacientes que necessitaram de reabilitação, as comorbidades mais comuns são hipertensão (43,3%), diabetes (30%) e alteração do sono (23,3%). Além disso, 40% têm obesidade grau 1 e 30% têm sobrepeso. Vale lembrar que portadores destas condições são considerados grupo de risco para Covid. Inclusive, no Grande ABC, a maioria das mortes ocorreu entre pessoas com mais de 60 anos (75,9%) com cardiopatia (42,7%), diabetes (30,5%), doença neurológica (8,6%) e obesidade (4,7%), entre outras comorbidades.

Segundo Adriana, as comorbidades podem agravar o quadro de Covid, assim como podem ser agravadas pelas sequelas da infecção pelo coronavírus. Outro problema é o sedentarismo, relatado por 60% das pessoas em reabilitação. “A prática regular de exercício físico melhora o sistema imune, de forma a minimizar os danos causados pela infecção no organismo das pessoas”, assinala Adriana.

Uma vez que a Covid pode se manifesta de várias maneiras, desencadeando diversos problemas clínicos, como insuficiência respiratória, resposta imunológica excessiva, distúrbios de coagulação, insuficiência renal, miocardite, encefalite, trombose e hipóxia, o paciente pode desenvolver deficiências persistentes de vários sistemas do organismo, principalmente entre as pessoas que permanecem longos períodos na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

As sequelas, se não forem tratadas, podem ocasionar queda nas atividades funcionais e na qualidade de vida. Entre as intervenções mais comuns no processo de reabilitação estão exercícios gerais para aumentar o trabalho cardiorrespiratório e atividades funcionais repetidas, sendo todo procedimento adaptado de acordo com as necessidades do paciente e com avaliação médica regular para acompanhamento da evolução do quadro.




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