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A mobilidade da felicidade

O mundo já tem atualmente cerca de 1 bilhão de veículos...

Por Cristina Baddini
20/01/2012 | 00:00
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O mundo já tem atualmente cerca de 1 bilhão de veículos, ou seja, um para cada sete habitantes. Os problemas do modelo de mobilidade baseada nos automóveis se refletem em centenas de quilômetros de congestionamento nas metrópoles todos os dias. Esta é apenas uma das razões para se atuar sobre a mobilidade nas cidades brasileiras. As capitais estão superlotadas. Cidades médias caminham para a mesma direção. Grandes eventos esportivos como a Copa das Confederações em 2013, a Copa do Mundo em 2014 e a Olimpíada do Rio de Janeiro exigirão um olhar mais cuidadoso para o transporte.

Neste início de janeiro a indústria automobilística divulgou os números de seu desempenho em 2011. As vendas subiram 3,4% em relação a 2010, ano em que foram vendidas 3,51 milhões de unidades, estabelecendo em 2011 recorde com 3,63 milhões de unidades novas comercializadas. No ano, a produção foi recorde, com 4,406 milhões de unidades. Em 2010, foram produzidos 3,381 milhões de carros no País.

Esses números têm um profundo impacto para a sociedade. São cerca de 150 milhões de pessoas compartilhando espaços com sérios problemas ambientais, sociais e econômicos. A USP divulgou estatística indicando que, apenas na cidade de São Paulo, a poluição mata 4.000 pessoas por ano, mais do que a Aids e a tuberculose juntas. 

Sob o ponto de vista social, a mobilidade motorizada representa mais de 40 mil mortes por ano em acidentes e cerca de 200 mil feridos com diversos graus de gravidade. O impacto disso para as famílias é devastador e os custos para os sistemas de Saúde e previdência também são altíssimos. Isso sem contar que a maior parte das vítimas é de jovens ou pessoas em plena idade produtiva, que poderiam ainda oferecer muitas contribuições para a sociedade.

VALORES

Para além da questão de espaço está a eficiência no setor. A indústria automobilística avança rapidamente quando se trata de reforçar o marketing que coloca o automóvel como um elemento de sucesso.

No entanto, ainda baseia seu negócio em um produto muito ineficiente que pesa 20 vezes a carga que transporta, ocupa muito espaço e tem um motor que pode desperdiçar entre 65% e 80% da energia produzida pelo combustível que consome.

Apenas lentamente uma parcela da população começa a se dar conta de que, com o carro individual, perde-se muito mais tempo do que com o transporte público para cumprir seus trajetos rotineiros e ainda pagando mais por isso. 

MOBILIDADE SUSTENTÁVEL

Todos os moradores, particularmente as crianças, idosos, pedestres aptos ou com mobilidade reduzida, patinadores e ciclistas, desejam, atualmente, reconquistar a cidade.

A rua não é apenas um espaço de circulação, ela é, principalmente, um espaço de vida. Não se trata de descartar o automóvel, que todos, ou quase todos, utilizam em algum momento, mas de definir o lugar justo para o carro, priorizando e favorecendo os espaços públicos de qualidade e o desenvolvimento de modos alternativos de deslocamento mais saudáveis como a caminhada, a bicicleta e promovendo espaços de reencontro e de convivência. Não há nenhuma razão para que a lógica rodoviária prevaleça nas cidades: a rua não é uma estrada!

Enfim, defendo medidas no sentido de que o automóvel seja adequadamente taxado por sua ineficiência energética e seu impacto ambiental e que os recursos daí advindos sejam empregados diretamente na melhoria dos sistemas de transporte coletivo. Considerando que este é um ano de eleições municipais, pode ser um trunfo para futuros prefeitos pensarem na mobilidade da felicidade.




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