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Chacina de cinco jovens permanece sem solução
Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
28/05/2017 | 07:00
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 Praticamente sete meses após a morte de cinco jovens da Zona Leste da Capital, que foram encontrados em Mogi das Cruzes, ainda não há novidades nas investigações. O caso não foi elucidado e um GCM (Guarda Civil Municipal) de Santo André permanece preso desde o fim do ano passado.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado informou, por meio de nota, que o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa) relatou o inquérito policial à 3ª Delegacia de Polícia de Repressão a Homicídios Múltiplos “com pedido de prisão preventiva contra o GCM, no dia 13 de dezembro (de 2016), que permanece preso. Demais informações não podem ser repassadas devido ao segredo de Justiça decretado”, afirmou.

O instrutor de tiro da corporação Rodrigo Gonçalves de Oliveira, guarda há 17 anos, foi detido no fim do ano pasado. À época, ele assumiu ter criado perfil falso em rede social para atrair os jovens a falsa festa em Ribeirão Pires. A motivação seria vingança por causa da morte de companheiro de corporação – Rodrigo Lopes Sabino, 30, então segurança da ex-vice-prefeita andreense Oswana Fameli (PMB).

Para a mãe de Jonathan Moreira, 18 anos, uma das vítimas, o período vem sendo de grande agonia. A dona de casa Adriana Nogueira Moreira, 44, afirma que há poucas informações repassadas às famílias. Segundo ela, recentemente houve audiência, onde depuseram familiares de outro jovem que estava no carro juntamente com o filho dela. “Está sendo muito difícil. Lembro-me todos os dias dele. Não consigo acreditar que ele se foi. Hoje, eu vivo para isso. Estou de pé para ver a conclusão deste caso”, desabafa.

Conforme afirmou Adriana, que hoje vive com o marido e o irmão-gêmeo do filho morto, o jovem era alegre e brincalhão no âmbito familiar. “Ele dava problemas como qualquer outro adolescente da idade dele”, disse ela, ao também destacar que o filho não teve envolvimento com a morte do guarda.

A mãe afirma que não tinha informações de que o filho estava indo a uma festa no dia em que saiu com os amigos. “Pensávamos que ele ia para o baile, como sempre fazia, então acredito que eles tenham decidido de momento.”

Integrante do Condepe (Conselho Estadual dos Direitos Humanos), Ariel de Castro Alves chamou a atenção para a necessidade da continuidade das investigações. “É certo que somente uma pessoa não tinha condições de cometer um crime tão complexo, atraindo as vítimas por meio de redes sociais para uma emboscada, cometendo os assassinatos e ocultando os corpos”, avalia.

Questionada pela equipe de reportagem do Diário, a Prefeitura de Santo André também afirmou não haver fatos novos na investigação em andamento, e que o GCM preso ainda está afastado da corporação. “Há procedimento administrativo aberto, mas sem conclusão ainda. A Corregedoria participa das apurações da Polícia Civil, colaborando em todos os sentidos, mas não desenvolve investigação própria, pois a instância competente é realmente a Polícia Civil, no caso o DHPP. O processo de investigação abrange outros guardas municipais, mas não está comprovada a participação de mais algum integrante. Porém as investigações ainda estão em curso”, informou em nota.

 

RELEMBRE O CASO

Os corpos dos cinco jovens (Caíque Henrique Machado, 18 anos; César Augusto Gomes Silva, 19; Jonathan Moreira Ferreira, 18; Robson Fernando Donato de Paula, 16; e Jonas Ferreira Januário, 30) foram encontrados em matagal em Mogi das Cruzes no dia 6 de novembro do ano passado. Eles estavam enterrados com cal e em estado de decomposição. O grupo desapareceu no dia 21 de outubro, após se dirigir a suposta festa em Ribeirão Pires.

O guarda Rodrigo Gonçalves de Oliveira assumiu ter atraído os jovens para a falsa festa por meio de perfil falso em rede social. À época, ele alegou que o intuito era prender os jovens, já que nesta troca de mensagens eles teriam se gabado de crimes cometidos na cidade. O acusado, porém, disse que o grupo não apareceu ao encontro. Ele nega ter assassinado os rapazes.

A investigação trabalha com a motivação da vingança. O guarda Rodrigo Lopes Sabino foi morto em latrocínio no bairro Jardim Ana Maria, Santo André, em frente à casa em que morava, em setembro do ano passado. O carro do agente foi roubado e encontrado incendiado no Parque São Rafael. A Polícia Civil chegou a confirmar que dois jovens (Caíque e Cesar) tinham conexão com a morte de Sabino.  




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