Política Titulo São Bernardo
Marinho aguarda R$ 3,5 mi para terminar museu; ministro rejeita
Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
25/11/2016 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Em vistoria ontem pela manhã a intervenções em andamento na cidade, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), cobrou a liberação de aporte da União no valor de R$ 3,5 milhões para finalizar a obra física do Museu do Trabalho e do Trabalhador, que, segundo balanço do Paço, está 85% concluída. O novo ministro da Cultura, Roberto Freire (PPS), avisou que não vai liberar recursos enquanto investigações sobre a obra não tiverem seu desfecho.

“Esperamos esse último repasse, sem razão para não acontecer nos próximos dias, porque isso (entrave) pode impedir a entrega (do equipamento) 100% até o fim deste ano”, alegou o petista. O edifício era para ser inaugurado em 2013.

A parte estrutural está praticamente pronta, mas falta parcela significativa do acabamento e pisos, além de todo o investimento no conteúdo da unidade, fixada no antigo mercado municipal, no Centro. A divisória de vidro deve ser instalada em dez dias. Durante a visita, Marinho elencou que resta a transferência de “recursos de R$ 3,5 milhões, com correção da ordem de R$ 900 mil, que ainda deve ser complementada pelo tesouro municipal”. “É obra que está em processo de finalização”, confia, ao descartar possibilidade de fazer evento com a obra inacabada. “Só se estiver concluída faremos o ato”. O petista atrelou a demora à crise econômica no País e também às recorrentes trocas no comando do ministério. “Essa dinâmica acabou atrapalhando processo de liberação”, justificou.

Marinho reiterou, no entanto, que a interferência negativa externa “não muda em nada o conceito e as responsabilidades do que foi contratado”. A Prefeitura celebrou convênio com o Ministério da Cultura, “com verba destinada a museu”. “Portanto, isso está vinculado, sob pena de responder ação de improbidade. Apresentei projeto para (construção de) museu, não para hospital. Simples assim. Espero que as pessoas tenham inteligência para entender isso”. Ele sinalizou que irá procurar Roberto Freire para tratar do caso e afastar interrupção do plano. O prefeito eleito, Orlando Morando (PSDB), pretende transformar o espaço em Fábrica de Cultura, projeto do governo de São Paulo.

Freire reuniu-se ontem em Brasília com Morando e o deputado federal Alex Manente (PPS), colocando o museu como principal tema do encontro – no dia anterior, em entrevista ao Diário, o ministro já havia indicado rever a finalidade do equipamento. Para o chefe da Pasta, o episódio é problema de “grande dimensão”. “É obra polêmica, que precisa ser adequadamente analisada, tanto em relação a repasse de recursos quanto à destinação do local”, pontuou, adiantando que vai estudar alternativas para o futuro espaço. “Vamos avaliar do ponto de vista legal e administrativo possíveis mudanças.”

Com custo estimado de R$ 21,6 milhões, a intervenção é alvo de averiguação do TCE (Tribunal de Contas do Estado) e do MPF (Ministério Público Federal), por suspeita de direcionamento no edital e de uso de laranja no quadro societário da empresa responsável pela obra. Diante da situação, Frente sustentou que irá aguardar a análise técnica dos dois órgãos para a tomada de quaisquer decisões, inclusive, a futuros repasses financeiros. “Precisamos, primeiro, ver como andam as investigações. Nada será encaminhado enquanto a questão com os dois órgãos não for equacionada.”  

Antes crítico, Alex defende conclusão do museu

Derrotado na disputa ao Paço de São Bernardo, o deputado federal Alex Manente (PPS) defendeu ontem, em nas redes sociais, a manutenção da finalidade e andamento das obras do Museu do Trabalho e do Trabalhador, projeto idealizado pelo prefeito Luiz Marinho (PT) – há críticas ao plano devido à análise de que servirá para homenagear seu mentor político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A postura do popular-socialista foi registrada após encontro com o correligionário e novo ministro da Cultura, Roberto Freire, em Brasília.

Alex ponderou que a proposta durante a campanha eleitoral era a de construir no local Restaurante Popular Bom Prato, programa do governo do Estado, mas, na sequência, indicou que a partir de agora se colocará à disposição para que o projeto original seja implantado na cidade – o pleito foi vencido por seu rival político, o deputado estadual Orlando Morando (PSDB). O parlamentar relatou que promoveu a reunião com o ministro por considerar o tema de “extrema importância”. “Legalmente, não há amparo para mudar a concepção do museu, mas faremos amplo debate para finalizarmos rapidamente a obra, para geração de emprego e renda aos moradores de São Bernardo.” 

Na etapa final do páreo ao cargo de prefeito, em outubro, Alex colecionou adesões de petistas, inclusive, com sinalizações de apoio de Marinho. Ao longo da empreitada, ele falava que, na sua concepção, o investimento do ministério poderia ser utilizado para outros fins. Na reunião com Freire, o deputado destacou ter esmiuçado todos os impasses com o museu, avaliando que o correligionário se mostrou “muito disposto” em atender o pedido de debater a questão “com a administração municipal”. O Diário apurou que Marinho procurou Alex para ser intermediário da liberação de aporte ao museu.

Freire encontrou-se também com Morando, em audiência, no ministério. O ministro sintetizou que estudará o caso, evitando, contudo, dar detalhes do caminho a ser adotado pelo governo federal quanto à destinação do equipamento público. Segundo o tucano, houve “pactuação” de nenhum dinheiro ser transferido enquanto há investigação da obra. “Ele me disse que haverá análise de alternativas do museu.”




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