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Beth Carvalho marca encontro do samba com o choro em SP
Por Do Diário do Grande ABC
18/01/1999 | 15:30
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O samba e o choro sao parentes muito próximos, irmaos na mistura da música africana com a européia, desenho que foi sendo definido no fim do século passado. Das raízes africanas, o samba guardou sotaque mais nítido, até porque foi obrigado a ficar escondido em guetos por mais tempo; a argamassa do choro ficou mais homogênea e o gênero expoe tanto a fluidez harmônica e melódica do romantismo europeu quanto a sagacidade plena de segundos sentidos e a tristeza implícita da música negra.

Gêneros complementares, encontram-se de terça a sexta-feira no palco do Sesc Pompéia, em Sao Paulo, pelas vozes e instrumentos de dois grandes representantes - a cantora Beth Carvalho e o conjunto "Época de Ouro". Ela, aos 34 anos de carreira, acaba de lançar o CD Pérolas do Pagode, em que registra obras-primas do tipo de samba por cuja repercussao é muito responsável (e, vale sempre lembrar, nada tem a ver com esse falso pagode, que nao deveria usar tal nome e se multiplica em grupos que conseguem ser um pior do que o outro).

Beth começou a gravar em 1965, ficou famosíssima três anos depois, cantando "Andança" (de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi) num festival de música, em 1968, e logo em seguida abraçou o samba, indo buscar repertório no grande celeiro que se revelou o grupo de compositores do bloco carnavelesco Cacique de Ramos, lançando grandes nomes ou resgatando preciosidades de autores notórios mas, na época, um pouco esquecidos - como Nélson Cavaquinho, Cartola, Monarco.

O "Época de Ouro" foi criado por Jacó do Bandolim, em 1966 e a idéia que temos hoje de grupo de choro se espelha nele. Ainda estao no conjunto, da formaçao original, o violonista César Faria (que é pai de Paulinho da Viola), Horondino Silva, o Dino Sete Cordas, o maior dos mestres do violao de sete cordas (que comemorou 80 anos no ano passado, 60 de música), e Jorginho do Pandeiro. Com a morte de Jacó, o bandolim ficou a cargo de Déo Ryan, por algum tempo, e hoje está nas maos preciosistas de Ronaldo Miranda (que, em carreira paralela, participa do trio de cordas Madeira Brasil).




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