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Piscinão sujo e lixo colaboram para o caos

Especialistas avaliam que combate às enchentes na região exige mais do que reservatórios

Do Diário do Grande ABC
18/01/2012 | 07:00
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Os transtornos causados em decorrência dos temporais são agravados com a falta de manutenção de piscinões e também com o acúmulo de lixo observado nas ruas das cidades, segundo especialistas.

Conforme explica o professor do departamento de engenharia civil do Centro Universitário da FEI Jorge Giroldo, além de os reservatórios não serem suficientes para armazenar todo o volume de água que caiu sobre o Grande ABC na tarde de ontem, a quantidade de lixo e sedimentos encontrados nos equipamentos diminui o processo de vasão da água.

Na região, a limpeza dos 20 equipamentos foi iniciada na segunda quinzena de dezembro pelos piscinões Petrobras, em Mauá, e Ford Taboão, em São Bernardo - início do verão. O processo de desassoreamento tem prazo de até 12 meses para ser concluído, e o cronograma prevê limpeza de mais sete reservatórios - os que apresentam maior volume de assoreamento, mato e lixo - nesta primeira etapa.

Um dos reservatórios que transbordaram foi o piscinão do Paço, em Mauá. O equipamento teve sua capacidade de armazenamento diminuída em função do acúmulo de entulho, lixo e mato. O reflexo pôde ser observado no trânsito, já que a Avenida Capitão João foi invadida pela água e precisou ser interditada. A Prefeitura de Mauá, no entanto, justifica a enchente como consequência pela construção do acesso do Rodoanel até a Jacu-Pêssego, próximo ao local.

O professor Jorge Giroldo destaca ainda que, mesmo que os piscinões estivessem com sua capacidade de armazenamento em 100%, não seriam suficientes para evitar enchentes. "Em um cálculo rápido, podemos dizer que temos capacidade para armazenar 4 milhões de metros cúbicos de água (somando todos os piscinões) e seriam necessários cinco vezes mais do que isso para estar próximo do ideal", comenta.

Para o especialista, o problema das enchentes no Grande ABC está longe de ser resolvido. Além de não haver praticamente mais áreas disponíveis para a construção de reservatórios, o custo é alto e os prazos para conclusão são longos. "Não vislumbramos nenhuma possibilidade de acabar com as enchentes, apenas de minimizar os impactos", comenta.

O urbanista Cândido Malta é mais otimista. Segundo ele, o fim dos problemas em decorrência das fortes chuvas se resume a duas palavras: macrodrenagem e microdrenagem. "Nosso plano de macrodrenagem foi feito há 12 anos e já com um erro grave, porque não previa o aumento da impermeabilização das áreas e crescimento das cidades", diz. Dos 46 piscinões previstos no plano de macrodrenagem do Estado, apenas 19 saíram do papel. "Só foram executados 70% desse plano", destaca Malta.

Para complementar a macrodrenagem, seria necessário que os municípios fizessem intervenções de microdrenagem, como obras para receber as águas pluviais em tanques subterrâneos, por exemplo. "Basta ter vontade e colocar em prática", considera Malta. (participaram desta cobertura os repórteres Angela Martins, Camila Galvez, Cadu Proieti, Lukas Kenji, Maíra Sanchez, Natália Fernandjes e Rafael Ribeiro)




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