Os delegados da Grande São Paulo receberam ordem de superiores para não concederem qualquer entrevista aos órgãos de imprensa sem antes solicitar autorização expressa da direção.

A determinação partiu do delegado-geral, Maurício José Lemos Freire, e foi repassada aos delegados seccionais pelo diretor do Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo), Élson Alexandre Sayão, responsável por comandar a Polícia Civil em 38 cidades da região metropolitana.

Por e-mail, Sayão colocou de forma rigorosa que os delegados só poderão conceder entrevistas com autorização de seus superiores - Demacro e DGP (Delegacia Geral de Polícia) -, alertando, inclusive, que quem descumprir a determinação corre o risco de sofrer sanções disciplinares.

A imposição do delegado geral desagradou alguns subordinados, que afirmam ser uma forma de calar as reivindicações da categoria, que ameaça entrar em greve caso o Governo Estadual não atenda as exigências que são de um plano de carreira mais eficaz do que o atual, melhores salários e condições de trabalho.

Procurada pelo Diário, reportagem, a DGP afirmou que "não existe qualquer tipo de proibição. Existe sim, uma regulamentação para que a DGP tome conhecimento do que está sendo veiculado aos órgãos de imprensa".

A nota informa que a determinação é garantida por portaria de novembro de 1997. O texto não veta o policial de se manifestar, apenas que o faça depois de devida autorização da direção.

Delegado seccional de São Bernardo, Marco Antônio de Paula Santos reiterou dizendo que não sofre nenhum impedimento. "Não há nenhuma restrição a informação. Pede-se apenas, antes de se prestar alguma informação, que as autoridades superiores sejam consultadas", disse. Os delegados plantonistas procurados pela reportagem não quiseram se manifestar com medo de represálias.