Setecidades Titulo Saúde
Grupo busca sede para divulgar Parkinson

Doença neurológica é mais comum em idosos, causando tremores e rigidez muscular

Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
11/04/2014 | 07:00
Compartilhar notícia


“Pensar que tudo acabou é assinar um atestado de morte, pois a luta continua, o desejo de novas conquistas é persistente, enquanto traz nova perspectiva de vida.”

Com essas palavras, o aposentado João Pedrão, 64 anos, encara há 14 a doença de Parkinson, cujo dia de conscientização é celebrado mundialmente hoje. Mesmo diante dos sintomas característicos, como tremor, dificuldades no equilíbrio, na deglutição e na fala, luta para levar informação a outras pessoas que enfrentam o problema. Por isso, criou em 2004 o Grupo de Apoio aos Portadores da Doença de Parkinson, que desde o início deste ano busca sede provisória para a realização de suas atividades.

Pedrão explica que até o ano passado realizava fisioterapia em grupo e palestras de conscientização na Igreja Matriz de Mauá, cidade onde ele mora. “Mas uma reforma acabou desalojando a gente”, afirma. Cerca de 30 pessoas e suas famílias participavam das atividades. Para o aposentado, autor do livro de poesias Pequeno Universo, de onde saíram os versos do início desta reportagem, trata-se de uma grande perda. “Quanto mais se divulgar a doença, mais chances de se fazer o diagnóstico precoce e controlar o avanço dos sintomas.”

A novela das 21h da Rede Globo, Em Família, também auxilia neste papel. O personagem Benjamim, interpretado por Paulo José, tem Parkinson, assim como o ator. “A mídia tem papel fundamental ao expor o problema, pois muita gente pode reconhecer as características em parentes ou pessoas próximas”, destaca a neurologista e coordenadora do Ambulatório de Distúrbios de Movimento da Faculdade de Medicina do ABC, Margarete de Jesus Carvalho.

Os principais sintomas da patologia, de origem neurológica e mais comum em idosos, são tremores em repouso, rigidez muscular, lentidão dos movimentos e desequilíbrio. “A pessoa deixa de fazer movimentos automáticos, como balançar os braços ao caminhar, por exemplo. Isso acontece pela diminuição da produção do neurotransmissor dopamina, causada pela morte de neurônios. Mas ainda não se sabe por que eles morrem, e a doença não tem cura, apenas controle”, destaca Margarete.

Outros sintomas que podem ocorrer são dificuldades de deglutição, alterações na fala, diminuição do tom de voz e da audição, perda da expressão facial e oleosidade excessiva na pele e nos cabelos.

O tratamento é multidisciplinar, feito a base de medicamentos, fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. Segundo Margarete, muitos precisam também de acompanhamento psicológico e até mesmo psiquiátrico. “A doença mexe com o emocional. Muitas vezes, por conta dos tremores e da lentificação, o paciente se afasta do convívio social”, explica a neurologista.

Neste ponto, a terapia ocupacional é importante porque promove não apenas uma atividade, como dança, pintura, canto, entre outras, mas também o convívio social com pessoas que enfrentam diferentes graus da doença. “A fisioterapia e os encontros eram a oportunidade para muitos de trocar experiências e aflições da vida. Por isso procuramos outro lugar para realizá-la”, garante Pedrão. Para quem quiser ajudar, o contato do Grupo de Apoio aos Portadores da Doença de Parkinson é o 2818-9482 ou pelo e-mail jpuniverso@gmail.com.

Cirurgia cerebral auxilia no controle dos principais sintomas da doença

Outra possibilidade de tratamento que ajuda a atenuar os sintomas do Parkinson é a cirurgia de neuroestimulação, capaz de controlar dois dos principais sintomas: os tremores e a rigidez muscular.

O procedimento, porém, não é indicado para todos os pacientes, tampouco pode ser visto como a cura total. “É importante que a pessoa entenda que o Parkinson não tem cura atualmente, mas a cirurgia pode trazer qualidade de vida”, explica o neurocirurgião funcional Claudio Fernandes Corrêa, que já operou quase 500 pacientes por meio da técnica.

Corrêa explica que eletrodos são colocados em ponto específico do cérebro, calculado com exatidão com a ajuda de um físico. Esses eletrodos são ligados a um marca-passo que fica próximo à clavícola, e enviam impulsos elétricos para o cérebro. “É possível testar e ver se a cirurgia funciona no momento em que é feita, pois o paciente fica acordado.”

O andreense Antonio Trivellato, 75 anos, passou pelo procedimento e conseguiu voltar a caminhar ainda no hospital. “Meu filho ficou impressionado. Para mim, foi a melhor coisa, devolveu muito da minha autonomia que a doença havia levado.” 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;