Trabalho admirável teve (e ainda tem) o fotógrafo norte-americano David Burnett. Entre seus principais destaques estão as coberturas da Guerra do Vietnã, no início dos anos 1970, e da revolução iraniana, no fim daquela década.
 Mas nem só de conflitos sobreviveu a carreira desse fotojornalista de 68 anos naquela época. Por duas ocasiões, Burnett fotografou um dos principais nomes da música do século 20. Esse rico material, incluindo retratos inéditos, está em Bob Marley (Editora Madras, 160 páginas, R$ 54,90).

 O primeiro encontro foi na meca do reggae. Burnett, ao lado do repórter David DeVoss, voou para a Jamaica para fazer um perfil das bandas locais para a revista Time. O ano era 1976. Em Kingston, encontraram o cara do gênero em sua casa. “Passamos várias horas lá. O Bob não poderia ter sido mais encantador, aberto e disposto a se envolver”, foi a primeira impressão do fotógrafo. Algo que não parece exatamente surpresa quando se trata de Marley. Somente duas fotos foram publicadas, sendo apenas uma do vocalista do grupo The Wailers.

 Aproveitando a amabilidade do anfitrião, que fumou e ofereceu diversos ‘baseados’ aos jornalistas, Burnett aproveitou para fazer experimentos com suas câmeras. Fez com que Marley corresse várias e várias vezes com o violão na mão para captar ângulos diferentes. O astro embarcou na proposta. As imagens dessa sessão, incluindo belos closes do jamaicano, estão nas páginas do livro.

 No verão de 1977, Burnett foi chamado novamente para trabalhar com Marley. Agora para a revista Rolling Stone, ele registraria a excursão do disco Exodus pela Europa. À época, o fotógrafo estava hospedado na casa de um amigo em Paris. Além da capital francesa, viajou, junto com a banda de reggae, por Amsterdam e Bruxelas.

 Esse trecho rendeu belos registros dos ensaios e passagens de som, flagrantes de soneca no ônibus da turnê durante as viagens e até em animados jogos de futebol, improvisados nos locais das apresentações.