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Educação e gravidez
Do Diário do Grande ABC
04/07/2022 | 09:45
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Setecentas e oitenta e duas crianças e adolescentes, entre 10 e 18 anos, realizaram, de janeiro a maio de 2022, acompanhamento gestacional em unidades de saúde municipais no Grande ABC – o número pode ser ainda maior, já que Rio Grande da Serra não enviou os dados solicitados pelo Diário. Os números são 29% maiores do que os registrados no mesmo período do ano anterior. A gravidez precoce tem crescido na região, sem que nada seja feito para combatê-la. Especialistas no assunto são unânimes em afirmar que a educação sexual, que inclui família, escola e unidades de saúde, é a forma mais eficaz de derrubar as estatísticas.

Patriarcal, a sociedade brasileira se constituiu sem dar a devida importância a assuntos equivocadamente classificados como “coisas de mulher”. Daí a necessidade de incluir os garotos nas atividades de educação sexual, inclusive para passar as primeiras noções de responsabilidade paterna – muitos homens faltaram a aulas deste tipo e o resultado é o que se vê na omissão do dia a dia, como se gravidez e criação de filhos fossem algo que só dissesse respeito às mães.

O assunto é extremamente sério e precisa ser encarado, com delicadeza e sororidade. A ciência e o conhecimento têm de ocupar os lugares do preconceito e da ignorância. União, Estado e municípios precisam atuar juntos na busca por resultados rápidos. Sim, agilidade é importante para suplantar séculos de atraso.

Infelizmente, o tema está estigmatizado no Brasil, graças a grupos que apostam no obscurantismo como forma de controle político. Confunde-se mais do que se explica. Educação sexual não significa que pais e professores ensinarão crianças e adolescentes a praticarem sexo, mas sim que irão orientá-los sobre métodos contraceptivos, como identificar violência e opressão sexual e a melhor maneira de denunciar situações abusivas. Só com mais informações é que a sociedade conseguirá reduzir a gravidez precoce, que joga muita responsabilidade sobre os ombros de indivíduos que, quase sempre, ainda não têm maturidade para lidar com questão tão complexa. 




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