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Escolas técnicas da região adiam volta do vestibulinho

Exames foram trocados pela análise do histórico escolar na pandemia; especialistas debatem se há modelo mais justo

Arthur Gandini
Especial para o Diário
22/10/2021 | 00:01
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Divulgação


As escolas técnicas de ensino gratuito na região têm divergido sobre o melhor momento para retomar a realização de exames nos seus processos seletivos. Os vestibulinhos foram substituídos durante a pandemia pela análise do histórico escolar dos candidatos.O motivo foi evitar aglomerações na realização dos testes. Apenas o Colégio Termomecânica, mantido em São Bernardo pela Fundação Salvador Arena, retomou o método anterior e está hoje com as inscrições abertas para a prova do Curso Técnico em Mecânica. 

As unidades da Etec (Escola Técnica Estadual) nas sete cidades da região decidiram manter a análise do histórico. As inscrições para o 1º semestre de 2022 serão abertas no dia 26. A análise do histórico também foi mantida pelo Senai, com unidades em Santo André, São Bernardo, Diadema e Mauá. A entidade abriu ontem as inscrições para cursos em 20 áreas, a exemplo do técnico em tecnologia da informação. Já a Prefeitura de São Caetano, por sua vez, informou que deve divulgar na segunda quinzena de novembro como se dará o processo seletivo para os cursos técnicos oferecidos pela escola municipal Professora Alcina Dantas Feijão, voltado a áreas como a contabilidade.

Mauricio Motta, professor de matemática do curso preparatório para vestibulinhos Profitec, em São Bernardo, afirma que a análise do histórico é injusta por conta da diferença do nível de ensino em diferentes colégios. “Os processos avaliativos de cada uma das escolas são diferentes”, reclama.

Motta defende que a melhora da pandemia permite a retomada dos testes. “Em um momento em que a pandemia proibia as pessoas de se reunirem, a análise foi necessária. Agora a opção é fazer (o exame) como está acontecendo no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio)”, exemplifica.

Maria Servidoni, coordenadora do curso de pedagogia da faculdade Estácio, de Santo André, avalia que a análise do histórico falha a não ser aplicada sob certos parâmetros. “Uma nota 10 em determinada unidade escolar poderá ser equiparada a um 7 em outra", recorda.

ALUNOS DE BAIXA RENDA

Especialistas defendem que o vestibulinho pode ser um método injusto. Maria Servidoni pondera que testes são excludentes para jovens de baixa renda. “Muitos alunos das escolas públicas passam meses sem determinado componente curricular pela ausência do profissional da educação e, em determinados conteúdos, têm uma fragilidade", critica.

Já o gerente da consultoria educacional Crimson Education, Rafael Bento, sugere que a seleção siga modelos como os aplicados em colégios norte-americanos. “Eles levam em consideração diversos critérios: histórico escolar, a nota em exames, atividades extracurriculares, cartas de recomendação e redações. Eles têm uma visão mais completa do aluno”, explica.

Emerson Teodoro, colunista do portal de informações Meu Vestibulinho, que reúne professores de cerca de 20 escolas de cursos preparatórios no Estado, alerta que o fim dos exames impacta de forma direta esses estabelecimentos. “Vai gerar desemprego”, relata.

Em meio ao debate, pais não contam mais com os exames como uma oportunidade para os filhos ingressar em cursos técnicos. É o caso do radialista Rafael Taranto, 38 anos. Ele é responsável por um casal de gêmeos, de 14 anos, que cursa o 9º ano em um colégio particular em São Bernardo. 

Taranto deseja que os filhos consigam ingressar no curso técnico em mecânica do Colégio Termomecânica ou no curso de desenvolvimento em sistemas das Etecs. “O vestibulinho é a forma mais justa com todos os alunos. Uma criança teve algum ano (escolar) que não foi muito bem, só que agora está se dedicando. Quem se preparou vai bem. Quem não estudou, não vai”, defende.




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