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Cidades da região descartam retorno integral às escolas

Governo do Estado anunciou o fim do ensino remoto em colégios estaduais a partir de segunda; prefeituras têm autonomia para decidir

Arthur Gandini
Especial para o Diário
14/10/2021 | 05:21
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Celso Luiz/ DGABC


Mauá e Rio Grande da Serra vão contrariar a determinação do governo do Estado sobre o retorno total dos alunos às escolas municipais. Diadema deve anunciar posição sobre o tema até sábado. Já São Caetano e Ribeirão Pires disseram que vão aguardar a publicação das novas diretrizes no Diário Oficial do Estado antes de tomar decisão. O governador João Doria (PSDB) anunciou ontem que as aulas presenciais nas escolas estaduais e particulares terão o retorno de 100% dos alunos na próxima segunda-feira. A determinação também tem validade para os colégios municipais, mas as prefeituras têm autonomia para adiar o retorno.

As escolas municipais de Mauá têm recebido, atualmente, os alunos em forma de revezamento com o percentual máximo de 35% de presença. A Prefeitura não informou se há previsão de quando ocorrerá o retorno total. Rio Grande da Serra opera em regime parcial desde o dia e não planeja o retorno de 100% dos alunos neste ano. Crianças de 4 anos tem tido aulas às segundas e quartas-feiras, enquanto as de 5 anos, às terças e quintas-feiras.

Diadema tem atendido 50% dos seus estudantes em regime presencial. São Caetano, por sua vez, apenas informou que “algumas unidades escolares já contam com 100% da frequência presencial, mas ainda há escolas municipais com alunos em ensino remoto”. Ribeirão Pires conta com o sistema híbrido em toda a rede, exceto para crianças com idade abaixo de 2 anos, no berçário 1. A previsão é a de que elas retornam gradualmente ao ambiente físico a partir do dia 20. Santo André e São Bernardo irão seguir a orientação do Estado e todos os seus alunos devem retornar às escolas na segunda-feira. Santo André hoje opera com aulas presenciais em quatro dias da semana e São Bernardo já havia autorizado o retorno total em 2 de agosto.

O governo estadual determinou que os protocolos sanitários devem ser mantidos nas escolas somente até o fim de outubro, a exemplo do distanciamento de um metro entre os alunos. A gestão aposta no dado de que 97% dos profissionais de educação do Estado estão com o esquema vacinal completo. Além disso, 90% dos adolescentes de 12 a 17 anos já tomaram a primeira dose da vacina contra a Covid. O governo afirma que o retorno tem respaldo do Comitê Científico do Estado.

Para Marta Pasquali, pedagoga do Centro Universitário Salesiano São Paulo, a escolas deveriam ter tido mais tempo para planejar a mudança. Contudo, o retorno deve ser positivo para a saúde mental dos jovens. “É importante considerar as pessoas que estão abaladas, uma vez que o isolamento proporcionou vivências traumáticas a muitos estudantes.Importante seria que as escolas oferecessem atendimento psicológico aos que se mostrarem fragilizados”, orienta.

MÃES QUEREM ESPERAR

O Diário ouviu mães de alunos da região sobre o anúncio do governo e todas afirmaram que gostariam de adiar o retorno aos colégios. Uma delas é a cabeleireira Vanessa Bernades, 33, com dois filhos em ensino remoto na EE (Escola Estadual) Ana Maria Poppovic, em Diadema. Ela afirma que eles se adaptaram às aulas em casa e que é contra o retorno. “Um absurdo. Faltam apenas dois meses para o fim do ano letivo. O meu filho (de 14 anos) tomou apenas a primeira dose da vacina e a segunda esta agendada para o fim de novembro. A minha filha de 11 anos não tomou nenhuma", critica.

A vendedora Crislaine Costa, 33, também diz ser contrária. Ela é mãe de um jovem de 6 anos, aluno do Sesi (Serviço Social da Indústria) em Mauá. Ela reclama que o filho ainda não está vacinado. “Eles (os alunos) não irão manter o distanciamento, isso me preocupa muito”, afirma.

Outra mãe que gostaria que o ano letivo fosse encerrado no sistema híbrido é a psicóloga Ivani Batista, 40. Ela conta que seu filho de 15 anos tem ido às aulas presenciais em semanas intercaladas na EE Anecondes Alves Ferreira, em Diadema. “A volta à escola foi um momento de muita ansiedade para ele, pois ele gostam de estudar presencial”, conta. 




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