Política Titulo São Caetano
Tite prorroga acordo com Tegeda e aumenta valores

Prefeito interino de S.Caetano faz novo aditivo, com vigência menor, mas pagará mais por mês à empresa

Por Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
09/10/2021 | 00:03
Compartilhar notícia
Nario Barbosa / DGABC


O governo do prefeito interino de São Caetano, Tite Campanella (Cidadania), prorrogou por mais seis meses o contrato de fornecimento de cestas básicas com a Tegeda Comercialização e Distribuição Ltda e reajustou em 9,67% o valor equivalente ao repasse mensal à empresa. O Diário revelou no mês passado que a firma pratica sobrepreços de alimentos.

Nesta semana, a gestão interina publicou no Diário Oficial novo aditivo do contrato – o quinto desde o início do vínculo, em 2019. O acordo envolve a compra de diversos alimentos para compor cestas básicas destinadas a famílias de baixa renda na cidade. O valor global do convênio – com vigência de um ano – passou de aproximadamente R$ 33 milhões para R$ 18,1 milhões por metade desse prazo.

Apesar das reduções nominais dos valores e da vigência, a proporção de repasses, se divididos mensalmente, revela aumento. Enquanto que, no acordo antigo, a média de pagamento mensal representava R$ 2,75 milhões à Tegeda, os novos termos subiram essa quantia para R$ 3 milhões.

No mês passado, o Diário mostrou que os itens alimentícios que compõem a cesta básica da Tegeda, cuja sede fica em São Caetano e é de propriedade do empresário Otávio Gottardi Filho, chegam a custar até 40% a mais que os preços praticados no mercado comum, como no caso do arroz branco.

A equipe de reportagem foi até tradicional supermercado de São Caetano e comprou os mesmos produtos – nas mesmas quantidades, pesos e, na maioria das vezes, de marcas idênticas – por R$ 170,58 ao todo, enquanto o governo Tite paga R$ 207,36 por cada conjunto da cesta básica.

No caso do arroz branco (pacote de cinco quilos), enquanto a Tegeda vende o produto por R$ 27,80 (da fabricante Tio João), o Diário encontrou o item por R$ 19,80, de marca sugerida pela própria administração nos atos do contrato: Camil.

Outro item que apresenta sobrepreço é o pote de óleo de soja, de 900ml, em que a Tegeda cobra R$ 7,90 da administração, enquanto o mesmo produto é comercializado a R$ 7,19.

O Diário também revelou no mês passado que a gestão interina desembolsa valores distintos na compra do mesmo produto. Além do acordo com a Tegeda, o governo Tite mantém vínculo de fornecimento de cesta básica com a W&C Alimentos Eireli. O valor do item também é inferior ao do contrato com a firma de Otávio: R$ 154,87 por cesta básica. Enquanto o primeiro está no âmbito da Secretaria de Assistência e Inclusão Social, o segundo é mantido pelo Fundo Social de Solidariedade. Nesse último caso, o próprio Palácio da Cerâmica admite diferenciar os beneficiados, já que as cestas básicas da Tegeda é mais robusta e composta por itens tradicionais, enquanto que as da W&C são mais tímidas e com menos produtos.

Esse contrato com a Tegeda foi firmado há dois anos, ainda na gestão do ex-prefeito José Auricchio Júnior (PSDB). De lá para cá, o acordo vem passando por sucessivas prorrogações. Em nota enviada na ocasião em que o Diário publicou as denúncias de sobrepreço, a administração Tite defendeu os preços praticados pela Tegeda e alegou que os valores contratuais não envolvem apenas os itens alimentícios, mas também a logística com a entrega das cestas básicas e as caixas de papelão. A Tegeda também negou a discrepância.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;