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Sem transparência, grupo de Estevam se sucede à frente da gestão da Aciscs

Mudanças de presidentes e inclusão em conselho superior acontecem sem informações a associados

Daniel Tossato
Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
09/02/2021 | 00:20
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André Henriques/DGABC


Desde a assinatura do suspeito convênio do Natal Iluminado, a Aciscs (Associação Comercial e Industrial de São Caetano) passa por mudanças em seu quadro de direção sem dar a devida publicidade e sem informar concretamente os passos a seus associados.

O advogado Walter Estevam Junior (Republicanos) assumiu o comando da entidade patronal em 2016 e, em suas primeiras ações, aparelhou a instituição visando voos na política – nunca escondeu desejo de ser candidato a prefeito.

O primeiro passo foi alocar aliados no conselho superior da Aciscs sem seguir todos os critérios presentes no estatuto. O Diário já mostrou que conselheiros foram incluídos no bloco mesmo sem nunca terem sido presidentes ou diretores, critérios primordiais para ocupar assentos no grupo.

Pelo estatuto, as nove cadeiras do conselho superior precisam ser destinadas a ex-presidentes e ex-diretores. Somente se não houver disponibilidade dessas figuras é que se socorre a donos de empresas de grande porte. Porém, o grupo de Estevam valeu-se exclusivamente desse dispositivo, alijando ex-dirigentes rivais do bloco responsável por fiscalizar os atos da diretoria executiva.

Diante das acusações de desvio de recursos públicos do Natal Iluminado em 2016 – que resultou em ação civil pública contra a entidade e ex-dirigentes, bem como inscrição da associação na dívida ativa –, Estevam buscou bancar seu sucessor em 2019. Elegeu Moacir Passador Junior e deu início à construção de sua candidatura ao Palácio da Cerâmica. O projeto rumo ao Paço não se confirmou e o advogado concorreu, sem sucesso, a vereador, recebendo somente 467 votos, distante de uma vaga na Câmara de São Caetano.

Passador, entretanto, renunciou ao cargo em meio a suspeitas de uso pessoal do cartão corporativo pago com dinheiro dos associados. Marcelo Beja foi alçado ao comando da Aciscs em processos com baixa publicidade e transparência – as parcas informações eram repassadas pelo jornal ABC Repórter, de propriedade de Estevam.

Beja também decidiu não comandar a Aciscs. Foi então que Alessandro Leone assumiu a direção executiva da entidade. Em julho de 2020, a mudança foi efetivada sem que houvesse convocação, em tempo hábil, de nova eleição, com abertura de registros de chapas ou ampla publicidade dos fatos.

Conselheiros críticos à gestão do grupo de Estevam na Aciscs questionam também o fato de esse bloco esconder o balancete trimestral de receita e despesa da organização patronal, em desconformidade com o que diz o estatuto.

O mais recente passo questionável foi a eleição de Osvaldo Tosini como presidente do conselho superior. Mesmo sem ser ex-presidente ou ex-diretor da entidade – ingressou pelo último critério, dono de empresa de grande porte –, Tosini, do time de Estevam, foi colocado no principal assento do grupo interno.

Leone classificou sua gestão como a da “transparência”. “Em todos os passos que fizemos à frente da Aciscs demos todas as formas de transparência de chamamento. O nosso estatuto fala de uma publicação de jornal para a eleição e fizemos. Demos a maior transparência possível. O nosso estatuto, por exemplo, não prevê registro público de ata de reuniões ordinárias, mas venho fazendo. Temos chamado todos os associados para participar das nossas reuniões. É a gestão da transparência.”

No site da Aciscs, porém, nem sequer o estatuto está à disposição, muito menos os balancetes e as atas. 




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