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Sete a cada dez médicos aprovam volta às aulas

Avaliação é a de que prejuízos socioemocionais pela falta de convívio são maiores do que os impactos no cenário da pandemia

Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
03/02/2021 | 00:01
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Sxc.hu


Sete a cada dez médicos aprovam o retorno gradual às aulas presenciais, indica pesquisa da APM (Associação Paulista de Medicina) e da AMB (Associação Médica Brasileira), divulgada ontem. Isso porque os prejuízos socioemocionais causados pelo isolamento físico nas crianças são maiores do que os possíveis impactos na pandemia em razão do retorno às escolas. No Estado de São Paulo, atividades presenciais em instituições privadas estão permitidas desde segunda-feira.

“As escolas ficaram fechadas o ano passado inteiro e houve segunda onda de casos mesmo assim. (Segundo) Pesquisas nacionais e internacionais, as crianças e o (estabelecimento de) ensino não são fontes prevalentes de transmissão e, quando contraem (o vírus), (as crianças) nem sempre adoecem e, se desenvolvem a Covid, é pouco exuberante”, avalia Clóvis Francisco Constantino, diretor acadêmico da AMB. Ele adiciona que postergar o retorno presencial pode acentuar a desigualdade social do País, já que parte dos estudantes não tem estrutura para acompanhar aulas on-line.

Na região, o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC determinou retomada em 18 de fevereiro na rede privada e em 1º de março na pública. Entretanto, conforme publicado ontem pelo Diário, a Prefeitura de São Caetano furou o acordo e autorizou a volta presencial nas instituições privadas na segunda-feira. No município, as escolas estaduais podem retornar na próxima segunda-feira, enquanto na rede municipal, as atividades devem voltar no dia 11. O governo estadual determina adoção de protocolos sanitários e recebimento de no máximo um terço dos matriculados.

Constantino destaca que não são todas as escolas que têm condições de cumprir com os protocolos. Por este motivo, cabe à administração da instituição e aos pais avaliarem se o retorno é viável. O médico lembra que o retorno presencial é facultativo, assim, pais de crianças e jovens que convivem com pessoas do grupo de risco podem optar pela continuidade do ensino on-line. “A volta às escolas é necessária para a saúde mental e afetiva das crianças. Os médicos estão vendo que elas estão começando a ter distúrbios comportamentais por não saírem de casa”, acrescenta.

CENÁRIO PREOCUPA
A pesquisa também revelou que, após dez meses de pandemia no País, os médicos sofrem com a deficiência na atenção aos doentes. Principal problema é a falta de médicos, enfermeiros e outros profissionais da saúde (32,5%), seguido pela falta de diretrizes, orientação ou programa para atendimento (27,2%) e falta de leitos de internações em unidades regulares ou de unidades de terapia intensiva (20,3%).

Outro agravante é que 92% dos 3.882 profissioanis entrevistados observam pelo menos um sintoma nos colegas, tais como ansiedade (64%), estresse (62%) e sensação de sobrecarga (58%). Além disso, 91,5% dos médicos notaram tendência de alta nos casos de Covid e 69,1% relataram crescimento das mortes em razão da doença em algum nível. Por este motivo, 81,4% discordam do fechamento de hospitais de campanha.

Também preocupa o fato de que 72,8% dos médicos relatarem casos de pacientes que se recuperaram da Covid, porém, ficaram com alguma sequela, a exemplo de dor de cabeça incessante, fadiga e dores no corpo (56,5%), fibrose pulmonar (13,2%) e trombose (10,9%). Isso porque, ainda que a pessoa se livre do vírus em aproximadamente 14 dias, as inflamações causadas podem demorar para serem curadas, explica Constantino. 




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