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Vereadores de Diadema veem as contas eleitorais em xeque

Mais da metade do Legislativo apresenta inconsistências nas contabilidades das campanhas e corre risco de rejeição

Júnior Carvalho e Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
01/02/2021 | 00:01
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Nario Barbosa/DGABC


Mais da metade dos vereadores de Diadema registra problemas com as prestações de contas de suas campanhas junto à Justiça Eleitoral. Levantamento feito pelo Diário mostra que 12 dos 21 vereadores estão com os balancetes em xeque. 

Na semana passada, o Diário revelou que setor técnico da Justiça Eleitoral de Diadema emitiu parecer pela desaprovação das contas eleitorais do vereador Dequinha Potência (PSD) por existência de série de inconsistências nos dados entregues no sistema do TRE-SP (Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo). O mesmo parecer negativo foi emitido aos vereadores Orlando Vitoriano, José Aparecido da Silva, o Neno, Josa Queiroz (todos do PT, e esse último presidente da Câmara); Márcio Júnior (Podemos); Jerry Bolsas, Cicinho (ambos do PSB); Cabo Ângelo (PV); Eduardo Minas, Reinaldo Meira (ambos do Pros); Robson Nascimento Santos, o Boy (DEM); e Edval da Farmácia (PSDB). 

Os pareceres foram emitidos por unidade interna da Justiça Eleitoral de Diadema. Não significa, necessariamente, que as contas desses parlamentares serão desaprovadas. A análise técnica ainda será submetida ao juiz eleitoral. Se forem rejeitadas, porém, podem trazer riscos aos políticos. 

As inconsistências encontradas dizem respeito a vários problemas identificados pela Justiça Eleitoral ao comparar os balancetes apresentados pelos parlamentares com notas fiscais e cruzar os dados – casos de Cicinho e Meira – e também pelo fato de o candidato fazer doação do próprio bolso com valor superior ao saldo de bens que foi declarado, como nos casos de Cabo Ângelo, Eduardo Minas e Boy. Há problemas também com o formato do financiamento de campanhas. No caso de Vitoriano, por exemplo, a Justiça Eleitoral considerou irregular empréstimo contraído pelo parlamentar para utilizar nas despesas da campanha. 

No caso de Josa, a Justiça considerou irregular o fato de o parlamentar ocultar R$ 4.520 em doações de pessoas físicas à campanha na prestação de contas parcial. No julgamento da contabilidade da campanha de Neno, a Justiça identificou descumprimento de prazos de entrega da lista de doadores e ausência de entrega da prestação parcial das contas. 

Nas contas de Márcio Júnior, o principal apontamento diz respeito a despesas com combustível consumido por veículos que atuaram em sua campanha (R$ 4.450). A Justiça Eleitoral identificou “quantitativo desproporcional de abastecimento de combustível”, que não podem ser aferidos com precisão como tal montante foi utilizado para os veículos declarados, o que “compromete a confiabilidade das contas”. Caso semelhante é o de Jerry, que registrou gastos com combustível e não declarou a existência dos veículos. Edval da Farmácia deixou de comprovar a existência de divergências entre os dados dos doadores constantes da prestação de contas e as informações constantes da base de dados da Receita Federal, o que pode configurar recurso de origem não identificado. 

Josa negou irregularidades nas contas eleitorais. Os demais vereadores não retornaram aos contatos do Diário para comentar os pareceres negativos.




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