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Sobe 142% número de abstenção entre jovens

Passa de 7.644 para 18.502 volume de eleitores com 18 e 19 anos que evitaram as urnas em 2020

Por Daniel Tossato
Do Diário do Grande ABC
17/01/2021 | 00:11
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Nario Barbosa/DGABC


Os jovens do Grande ABC optaram pela abstenção em vez do voto no pleito do dia 15 de novembro. Conforme dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), subiu 142% o número de eleitores com idade de 18 e 19 anos que fugiram das urnas, fato que, para especialista, mostra que as atuais pautas políticas não cativam esse público. Na eleição de 2016, 7.644 eleitores de 18 e 19 anos – cujo voto é obrigatório – evitaram as urnas. Na última corrida eleitoral, quando os sete prefeitos e 142 vereadores foram escolhidos, o volume de êxodo foi de 18.502 pessoas.

Conforme levantamento feito pelo Diário a partir de dados fornecidos pelo TSE, a faixa etária de 18 anos foi a que registrou maior crescimento no número de abstenções em quatro anos entre quem é obrigado a votar, passando de 2.806 eleitores para 8.503 – acréscimo de 203%. Na sequência estão justamente os jovens de 19 anos – alta de 106,7%, saindo de 4.838 votantes para 9.999.

Para o professor de ciências políticas da UFABC (Universidade Federal do ABC) Diego Sanches Corrêa, o aumento não pode ser explicado somente pela pandemia do novo coronavírus, que forçou as pessoas a ficarem em casa para não causar aglomeração, um dos fatores de transmissão do vírus.

Na visão do docente, a eleição de 2016, a primeira pós-impeachment de Dilma Rousseff (PT) como presidente do País, atraiu o interesse do eleitorado. “O Brasil ainda estava muito polarizado. Os jovens estavam mobilizados em se informar, se politizar”, analisou Corrêa, que observou a situação oposta nesta eleição. “Realmente o cenário atual (das eleições) não foi tão cativante para os jovens. As pessoas também estavam mais preocupadas em ficar em casa, em se proteger (da pandemia). As questões importantes, ao menos politicamente, me pareceram menos cativantes, em especial, para esse público mais novo. Por isso as conjunturas políticas no País, em 2016 e 2020, são completamente distintas.”

No dia 14 de novembro, o Diário mostrou que havia caído o número de eleitores de 16 e 17 anos, faixa etária na qual o voto não é obrigatório – a queda foi de 42,8% entre 2016 e 2020. A principal reclamação dos jovens ouvidos naquela reportagem foi justamente o desinteresse pelos temas políticos recentes, em especial a polarização entre direita e esquerda que domina o cenário nacional há pelo menos cinco anos.

Além do aumento de jovens de 16 e 17 anos que nem sequer foram tirar o título de eleitor, os que têm o documento deixaram de ir às urnas no ano passado. O índice de abstenção nesse público subiu 143% – passou de 3.892 para 9.458 eleitores que não compareceram às seções eleitorais. Entre os votantes de 16 anos, a alta foi de 235,8%. Nos de 17 anos, 116,4%.

Os dados no Grande ABC refletem os do País. Em 2016, o número de abstenções em todo Brasil entre os eleitores de 19 anos foi de 506.182, enquanto esse montante, em 2020, foi de 732.816. Esse aumento também pôde ser visto entre jovens de 18 anos, já que os eleitores ausentes aumentaram dos 240.276 em 2016 para 643.389 em 2016, acréscimo de 267,7%.

No geral, o índice de abstenções no Grande ABC cresceu 33%. No total, 551,7 mil eleitores das sete cidades deixaram de ir às urnas no dia 15. Para quem não justificou o voto, a regularização precisa ser feita junto ao TSE. Se o eleitor deixar de votar em três turnos seguidos, terá o título suspenso. 




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