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Crianças coreanas sofrem com desnutriçao
Por Do Diário do Grande ABC
06/12/1999 | 11:05
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As crianças norte-coreanas ficarao marcadas por toda a vida pela fome e a desnutriçao, que atingem o país desde meados da década de 90, advertiu esta segunda-feira, em Pequim, Dilawar Alí Khan, representante do Fundo das Naçoes Unidas para a Infância (Unicef), em Pyongyang.

``Temos visitado numerosos centros (escolares)', disse Khan durante uma coletiva de imprensa. ``Adolescentes entre 14 e 16 anos parecem ter sete ou oito. Creio que ficarao marcados para o resto da vida. Nao se trata de algo que possamos remediar', comentou.

Entre as crianças norte-coreanas em idade escolar, 62% apresentam um peso anormalmente baixo para sua idade, e 15% um peso que nao corresponde a sua estatura, segundo dados da Unicef. ``Elas sofrem também com a carência de iodo, o que afetará seu coeficiente intelectual'. ``Sua alimentaçao é muito pouco variada e as proteínas raras, já que comem essencialmente cereais', disse a mesma fonte.

A falta de iodo, que pode gerar bócio ou cretinismo, atinge quase 20% dos jovens norte-coreanos. A fome persistente neste país asiático desde 1995 provocou a morte de 1,5 a 3,5 milhoes de pessoas, de um total de 23 milhoes de habitantes, segundo diversas fontes independentes, mas as autoridades só reconhecem cerca de 220 mil vítimas fatais.

O país suportou, em meados dos anos 90, diversas catástrofes naturais, que se somaram ao fim da ajuda econômica procedente da ex-Uniao Soviética. A Unicef comprovou, durante os últimos meses, uma melhoria econômica, sobretudo agrícola e energética, e progressos na situaçao médica ``mas o estado das mulheres e das crianças continua muito frágil', disse Khan, e ``depende da manutençao da ajuda internacional'. ``Existe um grande risco de retrocesso a curto prazo, se for suspensa a ajuda internacional nos setores da alimentaçao, saúde e reabilitaçao das infra-estruturas sociais', advertiu Khan.

A Unicef, que constatou uma queda nas doaçoes, teme que a comunidade internacional reduza seus esforços porque a Coréia do Norte já nao se encontra ``no foco das atençoes' mundiais.

Mas os norte-coreanos parecem mais realistas e começam a tomar consciência de que suas desgraças nao sao resultado apenas das catástrofes naturais, mas também de seu sistema econômico, afirmou Khan. Se o país conseguir desenvolver suas indústrias de exportaçao, poderá importar produtos alimentícios que permitirao erradicar a desnutriçao, disse. ``O potencial existe, já que a alfabetizaçao é total e a populaçao está altamente qualificada, é trabalhadora e disciplinada', concluiu o delegado da Unicef.




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