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Região avança pouco no combate à perda de água

Seis das sete cidades apresentam volume de desperdício acima do recomendado por especialistas

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
12/12/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


As cidades do Grande ABC apresentaram pequenos avanços no controle dos índices de perda de água entre 2017 e 2018, conforme o Snis (Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento). Ainda assim, seis municípios – exceto São Caetano – têm taxa de desperdício do recurso hídrico durante o processo de distribuição acima de 30%, volume considerado inadmissível por especialistas. Técnicos da área avaliam que o ideal é chegar a patamar abaixo dos 20% de perda, até então só alcançado por São Caetano.

Os dados têm como base informações prestadas pelas próprias empresas responsáveis pela distribuição de água das sete cidades. Basicamente, o problema é resultado de manutenção precária na rede somada às ligações clandestinas.

Professor universitário e consultor na área de saneamento e resíduos sólidos, Carlos Henrique de Oliveira destacou que os índices da região são considerados altos e inadmissíveis para as características das cidades do Grande ABC, incluídas na maior Região Metropolitana do País e com maior volume de geração de riquezas. “Qualquer índice acima de 20% de perda é inaceitável”, apontou. O especialista observou que países desenvolvidos têm índices muito próximos de 15%. “Mesmo o Japão, que tem um relevo muito acidentado, tremores de terra diários e grande variação de temperatura entre o inverno e o verão, possui índices próximos a 15% ou 17% de perda”, exemplificou.

Oliveira afirmou, ainda, que para uma região como o Grande ABC é impensável perder um terço da água tratada, tendo em vista que já houve investimento em infraestrutura, insumos e técnicas para o processo. “É uma água cara em todos os sentidos. Recurso natural não aproveitado, investimento no tratamento e distribuição e a população não sendo atendida em suas necessidades”, citou. 

O consultor apontou que, na região, ainda não existem mecanismos e estruturas à altura da necessidade de controle de perdas. Ele considera necessários processos como a setorização das redes, a renovação e substituição, manutenção e monitoramento das tubulações e dos medidores, e a integração entre os cadastros e obras das concessionárias de gás, energia, comunicação e saneamento, já que qualquer acidente durante manutenção também contribui para os vazamentos. “Faltam recursos, mas também planejamento e estratégia para reduzir estes índices e atingir a universalização do acesso aos serviços de saneamento”, completou.

A consequência desse quadro, avaliou Oliveira, é o risco acentuado de desabastecimento em tempos de escassez de chuvas, cada vez mais recorrente em razão das mudanças do clima e do regime de precipitações. “Ainda somos muito dependentes do sistema Cantareira, cujas águas são de outra bacia hidrográfica (da região de Campinas). Portanto, temos de ser eficientes na gestão das águas e nos serviços de saneamento”, finalizou.

Em Mauá, quase metade do recurso se perde

Campeã de perdas, Mauá desperdiça quase a metade de toda a água produzida durane o processo de distribuição: 49,6%. O índice de 2018 é ainda levemente maior do que o de 2017, 49%. A Sama (Saneamento Básico do Município) está prestes a transferir o serviço para a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que já é responsável pelo abastecimento em Santo André (desde agosto deste ano), São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. A expectativa é a de que a mudança de operador resulte em investimento e combate aos vazamentos. O projeto de lei para autorizar que a Sabesp assuma o serviço em Mauá já está na Câmara Municipal. A Sama não comentou os índices até o fechamento desta edição.

Santo André, cujo sistema de abastecimento de água era operado até agosto deste ano pelo Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental), reduziu as perdas de 45,7% para 45,2%. A Prefeitura destacou que foi feito acordo com a Sabesp para viabilizar e acelerar melhorias no saneamento da cidade. “Essa parceria vem gerando resultados concretos, com obras em andamento e já inauguradas, que levarão a uma evolução significativa nos índices de saneamento”, relatou em nota.

A Sabesp informou que a melhora nos índices de perda de água dos municípios citados é resultado de investimento em troca de rede, como parte do Programa de Redução de Perdas. “Apenas Rio Grande registrou pequena alteração, sem caracterizar piora do indicador, mas variação normal num processo estabilizado de controle de perda”, relatou em nota. 

O Saesa (Serviço de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental) de São Caetano não comentou o resultado.




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