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Maioria das mortes no trânsito ocorre aos fins de semana

Dados mostram que dos 19 óbitos registrados em agosto no Grande ABC, 74% foram entre sexta e domingo

Por Aline Melo
do Diário do Grande ABC
20/09/2019 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


O Grande ABC registrou, em agosto, 19 mortes ocasionadas por acidentes de trânsito. Desse total, 14, ou 74%, ocorreram entre a tarde de sexta-feira e a noite de domingo. Os dados foram divulgados ontem pelo Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo). Em agosto do ano passado foram registradas 17 mortes. Na comparação dos dois períodos, o aumento é de 12%. Especialistas apontam que a combinação de álcool e direção é a principal responsável pelos incidentes e defendem punições mais severas a quem for flagrado dirigindo sob efeito de bebidas alcoólicas.

Das 14 mortes registradas entre sexta-feira e domingo, quase a metade, seis, foi durante a madrugada. O diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego) Dirceu Rodrigues Alves afirma que não há dúvida de que a soma de bebida alcoólica, direção e velocidade – já que na madrugada as vias não recebem grandes quantidades de veículos – têm resultado nos acidentes. Alves pontua que, na maior parte dos casos, as vítimas têm entre 18 e 34 anos. Os dados do Infosiga confirmam a hipótese: 52% das mortes foram de pessoas com até 34 anos.

Em vigor desde 2008, a Lei 11.705, conhecida como Lei Seca, determina os limites que o condutor pode ter de álcool em seu organismo para estar apto a dirigir: 0,5 mg nas medições de bafômetros e zero para exames de sangue. A multa é de quase R$ 3.000 e a infração é considerada gravíssima, podendo resultar na suspensão do direito de dirigir.

O diretor da Abramet afirma que a fiscalização da Lei Seca é “absurda”, já que não há recurso humano capaz de monitorar os mais de 70 milhões de motoristas no Brasil. “A lei foi uma iniciativa da associação, e quando a apresentamos pedimos que fosse estipulada a obrigatoriedade de os carros fabricados no Brasil terem um etilômetro anexado à ignição, como ocorre na Europa e nos Estados Unidos, mas isso não foi acatado”, relata. “Seria a única maneira de controlar e reduzir esses acidentes”. O especialista defende também punições mais severas para quem for flagrado dirigindo sob efeito de álcool e se envolver em acidentes por esse motivo. “Única maneira de se educar adultos é fiscalizando, punindo e prendendo”, comenta.

Professor da FEI (Fundação Educacional Inaciana) e especialista em transporte, Creso de Franco Peixoto avalia que a falta de punições exemplares faz com que as pessoas não se sintam ameaçadas em perder o direito de dirigir. “Uma lei dura de aplicação mole não resolve”, compara. “Há de ter lei e aplicação fortes para um ambiente seguro e democrático”, finaliza.

Acidentes custam aproximadamente R$ 540 milhões ao ano às sete cidades

Estimativa do ONSV (Observatório Nacional de Segurança Viária) aponta que os acidentes de trânsito custam aproximadamente R$ 540 milhões ao ano aos cofres das sete cidades do Grande ABC. Coordenador do ONSV, Marcius D’Ávila apresentou os dados durante palestra realizada ontem para técnicos das prefeituras, no Consórcio Intermunicipal do Grande ABC. A ação foi realizada em razão da Semana Nacional do Trânsito, celebrada entre 18 e 25 de setembro.

O valor foi estimado com base no número de mortes no trânsito registrado na região no ano passado e média nacional de custo por acidentes estipulada pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). “Só conseguiremos modificar esse cenário com educação no trânsito para mudar o comportamento humano e reduzir os acidentes”, afirmou. De acordo com o Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo), foram registradas 201 mortes em 2018.
 




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