Setecidades Titulo Atraso na reforma
Local para cultos afro está fechado há um ano

Ylê de Omolu e Iansã, localizado no Cemitério Municipal, é o único do Estado de São Paulo

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
07/08/2018 | 07:00
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Divulgação


 Na Umbanda e no Candomblé, religiões de matriz africana, agosto é o mês consagrado ao orixá Omolu, que tem como um dos seus centros de energia os cemitérios. O único espaço público do Estado de São Paulo onde os adeptos destas religiões podem fazer suas oferendas está fechado desde setembro de 2017. Trata-se do Ilê de Omolu e Iansã, criado em 1988 no Cemitério Municipal de Diadema, na gestão do ex-prefeito Gilson Menezes (então no PSB). Presidente da Fucabrad (Federação de Umbanda e Cultos Afro Brasileiros de Diadema) e dirigente espiritual da Tenda de Umbanda Caboclo Ubirajara e Exu Ventania, Cassio Lopes Ribeiro explicou que as reformas tiveram início em setembro, após reivindicações da federação.

“Iam trocar os azulejos, fazer pintura e calçamento interno. Nossa maior preocupação, na verdade, era com a segurança, depois que muitos pais e mães de santo foram assaltados e coagidos no local”, relatou. “Aumentaram os muros, colocaram cercas com material cortante, mas o local seguir fechado, quase um ano após a reforma, não tem explicação”, completou. Em 2014, a equipe de reportagem do Diário mostrou que a Prefeitura de Diadema pretendia instalar câmeras no cemitério e a Fucabrad já fazia alertas sobre a falta de segurança no equipamento público.

Segundo Ribeiro, a previsão inicial era que em 90 dias (início de janeiro) o local fosse reaberto. “Participamos de diversos encontros, mas sem avanço. A responsável pelo projeto saiu de férias, aí fizemos nova reunião, e o vice-prefeito Márcio da Farmácia (Márcio Paschoal Giudício/Podemos) passou a ser o responsável, mas também não sabia informar o que estava havendo”, pontuou. “Em todo o Estado, é o único cemitério com espaço adequado para as oferendas. Em agosto, principalmente, costumam vir para Diadema terreiros de diversas cidades. Com o Ilê fechado, as entregas vão sendo feitas nas ruas, que é justamente o que a gente quer evitar”, explicou.

Ribeiro afirmou que a última comunicação por parte da prefeitura foi feita em 1º de agosto, através de ofício enviado pela Coordenadoria de Política de Promoção da Igualdade Racial à federação, ao vice-prefeito e à Secretaria de Assuntos Jurídicos, comunicando que em 24 de julho foi realizada visita ao Ilê e que foi aberto “chamamento público para garantir transparência à entidade que vai administrar o espaço”. “Como vai escolher uma instituição para administrar o lugar, se é um espaço público? Todas as gestões de Diadema, desde 1988, sabem que existe esse espaço, que precisa ser cuidado, ter segurança. Sabemos que a reforma já está concluída faz tempo, mas não temos a menor ideia de ainda não ter sido aberta para o Povo do Santo usar.”

“A entrega desse espaço seria positivo para a administração, a comunidade reconheceria o esforço. Mas esse é um descaso histórico com os adeptos de Umbanda e Candomblé, como se fôssemos menos munícipes que outros”, concluiu Ribeiro. A Prefeitura de Diadema não respondeu quando o local será reaberto nem explicou o atraso.




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