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Polícia identifica bando que assalta condomínios em SP
02/12/2003 | 00:55
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Já estão identificados os ladrões que roubaram US$ 3 milhões em jóias e dinheiro durante assaltos a condomínios e apartamentos de alto padrão na capital, nos últimos três anos. O grupo ainda está envolvido no seqüestro de gerentes de joalherias e bancos. Dois desses criminosos, segundo os investigadores, são ex-policiais militares. A polícia conseguiu foto da maior parte dos 15 bandidos.

A forma de agir da quadrilha é sempre a mesma. Meticulosamente, eles acompanham a rotina de moradores e funcionários. Se for necessário, fazem "clones" de carros dos condôminos, para facilitar a entrada. A partir daí, dois bandidos vão até as guaritas, para abrir o portão e as entradas. Outros ficam na própria garagem e se encarregam de dominar os moradores que chegam ou pretendem sair. Na rua, os ex-PMs monitoram a polícia por meio de rádio.

Outro método usado pelos ladrões é se passarem por entregadores de flores, de remédios ou funcionários de empresas como Sabesp ou Eletropaulo. Toda a ação dura, geralmente, cerca de três horas. "Eles são audaciosos, perigosos e estão sempre fortemente armados", disse o delegado Edison Santi, do Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (Deic), que investiga o grupo desde 1999. "Para piorar, estão atacando também em cidades do interior de São Paulo, no Paraná, em Minas e no Distrito Federal."

O mentor do bando era Carlos Alberto Andrade, o Body Glove, que morreu no ano passado em Contagem (MG), ao trocar tiros com policiais militares durante o seqüestro de um tesoureiro de banco. O outro responsável pela quadrilha, José Carlos Rabelo, o Pateta, um dos que assaltaram o prédio do jornalista Paulo Henrique Amorim, está cumprindo condenação em Presidente Bernardes.

Nesta segunda-feira, os chefes do grupo são Marcelo Tadeu Correia, o Gudi, 30 anos, e João Paulo dos Santos, 25. A maioria do bando já responde a processos e cinco deles fugiram de presídios e delegacias. Esse e outros detalhes constam de um dossiê montado pela polícia, que teve como base escutas telefônicas, dados passados por informantes e o reconhecimento por fotografia, feito por algumas vítimas.

Em muitos assaltos, a quadrilha, após dominar o prédio, pergunta por algum morador: geralmente dono de empresa de turismo, doleiro, empresário ou industrial. "Eles sempre têm indicações passadas por alguém que realmente conhece o prédio e os moradores."

No começo do ano, no bairro do Gonzaga, em Santos, a quadrilha entrou num prédio e foi direto ao apartamento onde morava um doleiro. Como não encontraram dólares, os bandidos decidiram levar o doleiro para pedir resgate. A polícia foi chamada, houve tiroteio e perseguição. Dois bandidos morreram. "Um deles era o Tiazinha (Rodrigo Octávio Carmezin Cattapani), que assaltara mais de 30 prédios de apartamentos e joalherias e fugira várias vezes da cadeia", revelou Santi.

Medo - O grande desafio da polícia é, agora, localizar os bandidos. "Estão morando fora da capital, falam pouco nos celulares e um não sabe onde o outro mora, para evitar denúncias", explicou Santi. Além dessas precauções, a polícia enfrenta outra dificuldade para encontrá-los: o medo das famílias assaltadas. A maioria não comparece para apresentar queixa.

Os policiais precisam insistir para entrar nos prédios e condomínios assaltados. As pessoas examinam as fotos e alegam não reconhecer o bandido. "Uma senhora atacada num prédio de luxo dos Jardins olhou a foto do ladrão João Paulo dos Santos, comentou que parecia com o ator Tom Cruise, e disse que tinha recebido dele um beijo no rosto. Na hora de formalizar o depoimento, alegou que se enganara", afirmou o delegado.

O policial conta que precisou "quase implorar" para entrar num prédio no Tatuapé, zona Leste, com apartamentos de quase mil metros quadrados. Os bandidos tinham levado mais de R$ 2 milhões em dinheiro e jóias. "Mostrei as fotos e alguns admitiram que poderiam ser os assaltantes, mas se recusaram a registrar queixa."

As jóias roubadas estão sendo vendidas fora da capital, conforme documentos aprendidos pela polícia. Os bandidos recebem, em média 20%, do valor da mercadoria. O ouro é derretido pelo receptador e vendido por grama.




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