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Inclusão digital está de aviso prévio em Sto.André
Por Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
06/12/2005 | 08:25
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A intenção da Prefeitura de Santo André de concentrar a coordenação dos programas de inclusão digital tem deixado inseguros os funcionários do CEEP (Centro de Educação, Estudos e Pesquisas), organização não-governamental que mantém parceria com o município por meio do Programa Rede Cidadania de Inclusão Digital, que atende cerca de 3,5 mil pessoas/mês. Os sete monitores que atuam nos quatro pontos de acesso gratuito à internet temem que a Prefeitura não renove o contrato, que vence no próximo dia 31. Eles já estão cumprindo aviso prévio desde o início do mês. A parceria existe desde 2001.

A Prefeitura nega que esteja pensando em pôr fim à parceria. “Temos um projeto semelhante, o N@escola, que disponibiliza os laboratórios pedagógicos das unidades escolares à comunidade. O objetivo é achar um critério comum, ter uma equipe única para coordenar esses programas. Não existe a intenção de desativar”, afirmou a diretora do Departamento de Educação Infantil e Fundamental da Secretaria de Educação e Formação Profissional, Maria Helena Fonseca Marin.

Segundo a dirigente educacional de Santo André, a estimativa da Prefeitura é que o contrato com o CEEP seja renovado em meados de janeiro. “Estamos em conversação com a direção do CEEP. Até lá creio que já teremos uma definição. Por mais que sejamos órgão público, tentamos funcionar como empresa.”

A coordenadora do projeto do CEEP, Sueli Stipp, disse que em anos anteriores não houve demissões porque o aval para a renovação se deu antes do vencimento do contrato. Ela descartou que o aviso prévio seja um indicativo do encerramento da parceria. “A questão ainda está sendo discutida com a Prefeitura. Ainda não há uma definição. Tanto a Prefeitura pode renovar conosco como fazer parceria com outra organização. Mas a chance existe.”

Apesar dos poucos dias para encerramento do contrato, a coordenadora da ONG se diz otimista. “Se ocorrer a renovação, vamos recontratar os mesmos monitores. Não há razão para contratarmos outras pessoas.”

Pela parceria, a Prefeitura repassa verba ao CEEP, responsável pela contratação dos monitores. A parceria entre a Prefeitura e o CEEP foi feita por meio das secretarias de Inclusão Social e de Educação, com financiamento da União Européia.

Criado em 1980 por um grupo de metalúrgicos e lideranças dos movimentos popular e sindical com o objetivo de inserir famílias carentes em políticas públicas educacionais, o CEEP é uma entidade sem fins lucrativos que atua na formação profissional de jovens e adultos.

Os centros oferecem introdução à informática, livre navegação na internet, acesso a e-mail e edição e publicação em formato MP3, entre outros. Nos equipamentos as pessoas podem, por exemplo, fazer pesquisas para trabalhos escolares, cadastro de currículo em sítios de empregos, cadastro de CPF, Imposto de Renda e consultas bancárias. Os usuários podem usar os computadores uma hora por dia.

Os usuários também temem o fim da parceria. “Vai ser péssimo. Aqui faço contato com empresas e encaminho currículo”, disse a operadora de caixa desempregada Maria José da Silva, 28 anos, moradora da Vila Tibiriçá. “Se fechar terei que ir a um desses lugares pagos. Muita gente será prejudicada, porque quem vem aqui é porque realmente não tem condições de comprar um computador”, completou a também desempregada Elizabeth Rodrigues de Oliveira, 44 anos. Elizabeth e Maria José freqüentam a unidade do Rede Cidadania situada na Casa da Palavra (Praça do Carmo, 171, centro) há mais de um ano.

O programa funciona ainda, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, no Parque Regional Chácara Pignatari (Avenida Utinga, 136, Vila Metalúrgica), e no Centro Comunitário do Cesa Cata Preta (Avenida Cata Preta, 871), e às quintas-feiras (9h às 15h30) no Ônibus de Inclusão Digital, em Paranapiacaba, próximo à Emeief (Escola Municipal de Educação Infantil e Ensino Fundamental).




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