A Volkswagen reduziu o volume de produção do Fox Europa da fábrica de São Bernardo após extinguir o segundo turno responsável pela montagem do modelo, segundo informaram nesta sexta-feira integrantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC que atuam no interior da unidade.

A expectativa é que a produção do carro, destinado à exportação, seja transferida para São José dos Pinhais (PR), na tentativa de reduzir custos e diminuir os prejuízos com o mercado externo em razão do dólar baixo. O atraso no início das operações do TEV (Terminal de Exportação de Veículos) no Porto de Santos, pelo qual a empresa enviará os carros para o exterior, também pode ter contribuído para a adoção da medida.

A montadora negou a diminuição da produção, argumentando que a unidade paranaense não tem condições de absorver a produção de São Bernardo por operar no limite da capacidade na fábrica de São José dos Pinhais (PR). No entanto, o vice-presidente do Comitê Mundial dos Trabalhadores da Volkswagen, Wagner Santana, afirmou que o recuo da produção ocorre desde a última quarta-feira.

A baixa de produção teria começado dois dias depois do término da greve de 25 dias na unidade do Grande ABC, motivada pelas divergências com a empresa em relação ao valor da PLR (Participação nos Lucros ou Resultados). A produção em larga escala do Fox Europa começou no dia 8 de julho no Grande ABC, após acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT).

"Temos como comprovar as alterações, que estão devidamente documentadas. O principal motivo da medida é para compensar o prejuízo cambial, pois os custos de produção são mais baratos no Paraná", disse Santana, que também é diretor do sindicato na montadora. Segundo ele, os 400 funcionários do segundo turno de produção do Fox Europa foram transferidos para a montagem do Gol.

O sindicalista explicou ainda que, com a medida, as projeções da Volks em relação à produção do Fox Europa foram alteradas. Segundo ele, a expectativa era fabricar 42 mil unidades no segundo semestre deste ano em São Bernardo. Agora, segundo ele, a unidade montará apenas 27 mil veículos do modelo.

Os outros 15 mil carros, afirmou Santana, voltarão para a fábrica de São José dos Pinhais, que assim ficaria responsável pela fabricação de 63 mil unidades. Antes, a fábrica paranaense produziria 48 mil veículos somente no primeiro semestre. A previsão da montadora é enviar 100 mil automóveis Fox para a Europa até o final deste ano, conforme prevê o contrato.

O Diário apurou ainda que a fábrica de São Bernardo vem produzindo 100 veículos do modelo por dia desde que a medida entrou em prática. Antes, deram montadas 250 unidades por dia do modelo. "O fato causou surpresa porque veio depois da greve. Muitos até acharam que se tratava de retaliação", ressaltou um funcionário que pediu para não ter o nome revelado. 

Outro motivo que pode ter levado a Volkswagen a adotar a medida é a indefinição do início das operações do terminal de exportação de veículos no Porto de Santos. As obras estão concluídas, mas falta a Receita Federal ainda não autorizou o alfandegamento do terminal, informou o diretor-comercial da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), Fabrizio Pierdomenico.

Segundo ele, a dragagem do canal do porto, suspensa por razões ambientais, era outro problema, mas a Cetesb (agência ambiental paulista) já autorizou o serviço, que deve ser retomado no próximo dia 10.