Setecidades Titulo Santo André
Internos aprendem sobre meio ambiente

Na Fundação Casa de Sto.André, parceria com Semasa oferece oficinas como plantio de árvore

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
20/12/2015 | 07:07
Compartilhar notícia
Marina Brandão/DGABC


Na Fundação Casa 1, localizada em Santo André, os 48 adolescentes internos que cumprem medida socioeducativa tiveram suas rotinas alteradas por algo diferente. Por meio de parceria entre a instituição e o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), são oferecidas aulas de jardinagem, hortas suspensas, educação ambiental e plantio de mudas. O nome do projeto é Formar Para Ressocializar.

Desde julho, os jovens aprenderam sobre a importância das plantas para o meio ambiente e também sobre como fazer reciclagem em casa. Com o início do período de férias escolares, a atividade ganhou uma importância ainda maior. “Eles ficam ocupados o dia inteiro, mas com o recesso escolar, recorremos ao preenchimento desse tempo com atividades diferentes. No início do projeto, tinha medo de que eles não se interessassem pelo tema, mas a adesão foi surpreendente. A receptividade foi muito grande e o assunto, de fato, agradou”, afirmou a diretora da unidade, Amanda Romão de Alencar.

De acordo com a assistente social e encarregada de extensão ambiental do Semasa, Cleonice de Almeida Pinto, o principal objetivo é que os jovens sejam multiplicadores do que estão aprendendo. “São aulas teóricas, palestras e, finalmente, a prática, quando eles entram em contato com a terra e as sementes. Queremos incentivar a prática do plantio e que eles levem isso para as famílias lá fora, porque aqui estão apenas de passagem”, disse.

As sementes e as mudas de espécies nativas foram doadas pelo Dpav (Departamento de Parques e Áreas Verdes) de Santo André. Na sexta-feira, a equipe do Diário acompanhou o plantio de dez árvores pelos internos, no terreno da Fundação Casa. Havia pés de cambuci, pitanga, ipê-amarelo, anjico, entre outros.

“O solo da unidade tem grama, mas é muito seco. Quando bate o sol, é insuportável o calor. As árvores, além de refrescarem, vão ajudar a deixar o ambiente mais bonito e fazer com que eles se sintam parte do processo”, disse Cleonice.

Para um dos jovens, de 17 anos e que está há sete meses na instituição, colocar novamente as mãos na terra é como matar as saudades de casa. O morador de Itaquera, bairro da Capital, mantinha uma horta no quintal com a ajuda dos irmãos. “Cheguei a plantar erva-doce e cidreira. Também plantamos aquela flor bonita, a dama-da-noite. Sempre gostei muito de plantas e não imaginei que fosse conseguir mexer com isso de novo”, contou.

Ele, que cometeu roubo, é o mais velho de 13 irmãos e afirmou que fez isso em meio às dificuldades, mas disse estar arrependido. “Precisava aprender a lição. Minha mãe está orgulhosa de mim pelos cursos que eu estou fazendo aqui. Ela me incentiva a continuar nesse caminho.”

Para um jovem de 16 anos de Santo André, esse é o primeiro contato com a terra e as sementes. Apreendido por envolvimento com o tráfico de drogas, ele sonha em ser engenheiro mecânico. Já cumpriu sete meses de ato infracional e está próximo da liberdade. “Se eu não caísse aqui, estaria morto, porque esse é o caminho das drogas. Nunca tinha parado para pensar sobre a influência das minhas ações no meio ambiente e não sabia que seria capaz de mudar isso”, afirmou.

Para outro adolescente, de 15 anos, de Santo André, o plantio também traz lembranças de casa. Ele está na Fundação Casa há oito meses. “Costumava plantar alface e tomate e isso me acalmava. Nunca pensei que ia ter outra oportunidade e que isso ia me dar forças. Hoje o que mais quero é seguir em frente, no caminho do bem.”




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;