Setecidades Titulo Direitos humanos
Projeto leva ensino não formal às escolas

Ação gratuita, lançada em agosto, permite que jovens escolham aprendizado de seu interesse

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
14/12/2015 | 07:00
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Anderson Silva/DGABC


Desde que o aluno do 1º ano do Ensino Médio da EE Anecondes Alves Ferreira, na periferia de Diadema, Anderson da Silva Vieira, 17 anos, percebeu que seus colegas de sala defendiam a pena de morte e o linchamento de criminosos, ele considerou apropriada a realização de palestra sobre direitos humanos na unidade de ensino.

O debate sobre o tema não consta entre as disciplinas tradicionais na grade curricular, no entanto, se torna possível a partir do projeto Quero na Escola. Idealizado por quatro jornalistas, a ação permite que os jovens manifestem seus interesses de aprendizado fora do currículo obrigatório e também que voluntários tenham a oportunidade de oferecer conhecimento de forma gratuita no contraturno escolar.

“Conheci o projeto por meio de um canal de divulgação científica no YouTube e inscrevi a minha escola. Estamos aguardando a oportunidade de receber a palestra. Acho importante porque vai servir para abrir os olhos de muita gente sobre os prejuízos da violência. Ainda mais porque estamos na periferia e sabemos da realidade”, considera o estudante, também amante de astronomia e política.

Conforme explica Cinthia Rodrigues, uma das criadoras do projeto, a ideia nasceu da percepção de que, muitas vezes, os estudantes têm interesses diferentes daqueles ministrados na escola. “Recebemos uma bolsa para participar do Social Good Brasil Lab (laboratório que ajuda a viabilizar projetos para melhorar o mundo) e, durante as conversas com os jovens, o pedido de uma estudante por oficina de escrita criativa deu o start. O passo seguinte foi criar portal no qual os alunos pudessem expor seus interesses de aprendizado e voluntários tivessem a oportunidade de se cadastrar.”

Desde então, já foram realizadas palestras sobre machismo e racismo, aulas de fotografia, oficinas de artesanato e até de mágica. Criado em agosto, o site www.queronaescola.com.br já reúne escolas e voluntários interessados em Estados como Minas Gerais, Santa Catarina e Rio de Janeiro e fila de espera de 150 pedidos.

Os encontros ocorrem nas próprias escolas, após autorização da direção. Cinthia lembra que a ação também pode servir para que a comunidade abrace a escola. “Ficamos surpresos com a participação dos jovens. A recepção por parte dos diretores também tem sido boa.”

Para dar conta da demanda, o grupo de jornalistas inscreveu o Quero na Escola em site de financiamento coletivo. A meta é arrecadar, por meio de doações, R$ 25,9 mil até o dia 25. O projeto já recebeu R$ 11,5 mil, doados por 145 pessoas. “Nossa meta é atender 100 escolas no próximo semestre nas cinco regiões do País”, ressalta Cinthia.

Além de tornar a escola mais democrática, a proposta é dar protagonismo ao jovem. Segundo Cinthia, o principal desejo do grupo é transformar a escola pública. “Nossa vontade é que a Educação seja pauta e que as pessoas entendam que o ensino é a base. Se temos Educação, temos todo o resto”, ressalta.

Enquanto aguarda que seu pedido seja atendido, Anderson destaca que o projeto é importante, tendo em vista a postura do aluno em sala de aula. “Quem sabe assim os estudantes percebam que a Educação é essencial, porque muitos ainda não demonstram o interesse adequado pelo aprendizado”, opina. 




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