O jornal destacou, em um editorial, que as negociações entre o governo e a oposição em Caracas estão paradas e advertiu que "se nada for feito, um país que é um vital fornecedor de petróleo e que tem preservado a democracia há quatro décadas, pode cair na anarquia".

"Se o governo do presidente (George W.) Bush não fizer nada, talvez o senhor da Silva possa assumir a liderança", propõe o influente jornal americano.

O editorial afirma que "o esquerdista populista" Lula já declarou que não se afastará das políticas de livre mercado. O Post opina que a afirmação foi feita "porque talvez o presidente não precise olhar muito longe para saber o que pode acontecer com seu governo.

Ao sul, "a corrupta e covarde elite política da Argentina perdeu um ano em uma busca inútil para tentar evitar as conseqüências de sua má administração financeira durante a década de 90, enquanto o nível de vida do país desabou", afirma o editorial.

Ao norte, "um pesadelo latino-americano ainda pior está se desenvolvendo: a Venezuela, arruinada e dividida pela desastrosa tentativa do presidente populista Hugo Chávez de reformar o país com um suposto socialismo, está presa a uma briga política que pode acabar em uma guerra civil", acrescenta o jornal.

O Washington Post lamenta que a oposição e a situação da Venezuela não estejam comprometidas na defesa da democracia. O jornal acusa Chávez de ter provocado a crise ao redigir uma nova Constituição para estender seu mandato e concentrar o poder em suas mãos, e acusa a oposição de tentar derrubar o presidente através de protestos de rua ou um golpe de Estado.

A crise venezuelana "está expondo a fragilidade das instituições e da liderança no continente americano", afirma o editorial, que também lembra como, no ano passado, a União Européia interveio agressiva e coordenadamente para evitar a desintegração da Macedônia.

"Na Venezuela a única ajuda tem sido a do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, César Gaviria, que tenta mediar um compromisso, mas que não possui os recursos ou a influência necessárias para fazê-lo".

O Post critica a falta de atenção de Washington, ocupado com a ameaça de guerra com o Iraque, e a passividade de outros países do continente, incluindo o Brasil. O jornal acrescenta que "não existe tradição de ações coletivas na região, e a história estabeleceu uma reputação ruim às intervenções dos Estados Unidos". Por isso, sugere que Lula assuma a liderança nessa questão.