Quem passeia por São Paulo talvez nunca tenha olhado de verdade para os lados, para cima e até mesmo para o chão por onde está passando. Mas tem gente que percebe tão profundamente o ambiente que acredita sentir a Capital respirar, algumas vezes sorrir, outras chorar. Para o diretor Gregório Graziosi, São Paulo tem vida e poderia protagonizar um filme. E assim surgiu Obra, que reflete o fascínio e o sufoco que a metrópole pode provocar ou, pelo menos, como serve de pano de fundo para vidas comuns. O filme brasileiro chega às telonas hoje em São Paulo (Estaço Itaú, Cinearte, Reserva Cultural e Caixa Belas Artes).

Obra se mostra diferente desde o começo: foi gravado em preto e branco. Conta a história do arquiteto João Carlos de Almeida Neto (Irandhir Santos) que, às vésperas do nascimento do filho, descobre cemitério clandestino na obra que executa em terreno do avô. Confrontado pelo mestre de obras (Júlio Andrade), tem de encarar os dilemas a respeito do passado de sua família. As filmagens aconteceram, entre outros locais, no Edifício Copan, no Conjunto Nacional, na Igreja da Consolação, no Edifício Eiffel e na Estação Pinacoteca.

Irandhir aceitou o convite quando soube que o projeto era do mesmo diretor do documentário Monumento. Além disso, o ator se identificou com a história. “É sobre a descoberta de São Paulo. Assim como o personagem, tenho vindo à Capital para trabalhar, vivenciar e conhecer a cidade. Ver o filme pronto e a dinâmica que a arquitetura imprime no João me impressionou e emocionou”, disse ao Diário. O ator também encarou o longa como grande desafio. “Começando pelo preto e branco, pela dualidade do que é certo e errado, passado e futuro.” Obra conta também com Marku Ribas (último filme do ator, que morreu em 2013) e com a atriz inglesa Lola Peploe.