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Parque Andreense sofre com falta de opções em área de manancial

Moradores afirmam não poder trocar nem telhas das casas; enquanto isso, esgoto corre a céu aberto em ruas de terra, à espera de recursos

Renato Cunha
Do Diário do Grande ABC
05/10/2014 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Caminhar pelo Parque Andreense, próximo à Represa Billings, em Santo André, é complicado pela falta de asfalto nas vias. O problema é ainda mais grave porque as ruas de terra estão esburacadas, e o esgoto, que corre a céu aberto, obriga o pedestre a desviar constantemente do caminho. Os moradores convivem com diversos problemas de infraestrutura e culpam a administração municipal pela falta de opções para resolver a situação, já que a área é de proteção aos mananciais e tem restrições na realização de obras.

A dona de casa Elaine Cristina, 48 anos, reclama que o Executivo não autoriza intervenções nas residências. “A gente até tem recursos para melhorar nossa casa, mas como é área de manancial, tem que pedir autorização para a Prefeitura. O problema é que para trocar uma telha, a resposta chega a demorar até cinco anos, se vier.” 

As áreas de lazer do local também estão precárias. “Aqui há muitas crianças, mas elas não têm onde brincar porque os parquinhos estão abandonados”, reclama Elaine.

Já o motoboy Edmilson Rodrigues, 39, comenta que a questão ambiental não é levada tão a sério. “Eles (Prefeitura) alegam que não pode trocar um portão, uma telha ou fazer esgoto porque é área de manancial, mas o esgoto poluído deságua direto na represa”, denuncia. 

 O aposentado Francolino dos Santos conta que sofreu um infarto durante uma visita do fiscal. “Estava trocando a telha da minha casa porque chovia mais dentro do que fora. O fiscal chegou e disse que eu não podia fazer aquilo e que iria trazer uma ordem para derrubar a casa. Passei mal e, por sorte, meu genro me levou rapidamente para o hospital, porque no posto de Saúde do bairro não tinha médico.”

A bióloga especialista em recursos hídricos da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Marcondes comenta que há muitas coisas mal explicadas nos arredores da represa. “Dentro da Lei Específica da Billings, as moradias que estão ali não deveriam existir.” Porém, ela garante que, já que os moradores estão instalados, há alternativas para a população do Parque Andreense. “Hoje em dia existem vários projetos para redes de esgoto sustentáveis, com o uso de plantas que podem até consumir os dejetos.Basta haver interesse por parte do poder público em procurar alternativas.” 

A bióloga comenta também sobre a situação dos consertos nos telhados e melhorias nas casas. “Trocar uma telha ou pintar a residência não influencia na proteção dos mananciais.”

Em nota, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental) explica que há projeto de implantação de rede coletora de esgoto para parte do Parque Andreense. Atualmente a autarquia busca alternativas de financiamento para executá-lo. As obras estão estimadas em cerca de R$ 3 milhões. Sobre o esgoto a céu aberto, o órgão diz que é irregular e cabe ao morador ter uma fossa séptica para evitar que isso ocorra.

Já a Prefeitura de Santo André afirma que o programa PrefeiturAqui esteve no bairro em julho e realizou ações integradas na região. Além disso, a Secretaria de Gestão de Recursos Naturais de Paranapiacaba e Parque Andreense, em parceria com o Semasa e a Secretaria de Mobilidade Urbana, Obras e Serviços Públicos, realiza trabalho de manutenção permanente na região. 




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