Cultura & Lazer Titulo Reinaldo
O lado sério de um Casseta
Márcio Maio
Da TV Press
31/07/2008 | 07:02
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Reinaldo sabe que é engraçado. E talvez por isso mesmo o humorista do Casseta & Planeta Urgente adote uma postura um pouco diferente da que usa no programa de TV quando ensaia com sua banda de jazz.

Aparentando até alguma timidez, o contrabaixista só larga um pouco a seriedade e o jeito encabulado quando pedem para que pose para as fotos ao lado de seu instrumento musical ou de seus colegas. "Temos muito pouco tempo para treinar e, quando conseguimos reunir todo mundo, precisamos aproveitar. Cada um tem sua atividade profissional aqui e isso faz com que a gente não se encontre tanto", explica o comediante, que festeja neste ano o aniversário de uma década do grupo Companhia Estadual de Jazz.

O trabalho é levado tão a sério pelo ‘casseta' que seus colegas - o pianista Sergio Fayne, o guitarrista e violonista Fernando Clark, o saxofonista e flautista Guilherme Vianna e o baterista Chico Pessanha - acabam se tornando os piadistas das reuniões. "Quando entrei no grupo eu era fã do Casseta & Planeta, achei que fosse ser uma zoação só os nossos encontros", lembra Guilherme. Mas o tom mais contido do contrabaixista não tira a leveza do grupo. Principalmente por um detalhe, defendido por unanimidade pelos participantes. "Não temos qualquer tipo de obrigação comercial. A banda se banca, mas ninguém espera viver dela", enfatiza Fernando, dono do Estúdio do Horto, onde acontecem os ensaios.

Reinaldo concorda, e vai além. "Sou um tipo de músico que não faz música para garantir a sobrevivência, mas que trabalha para garantir a sobrevivência da sua música", filosofa.

Via Bahia - Mesmo sem o compromisso comercial, os ensaios mais recentes têm um motivo especial. Além do aniversário da banda, o segundo CD da turma, Via Bahia, está em fase de lançamento. Com produção do próprio Reinaldo, o álbum reúne músicas escolhidas a dedo por ele com alguma ligação com a Bahia, como De Noite na Cama e Coração Vagabundo, de Caetano Veloso, A Lenda do Abaeté, de Dorival Caymmi, e Pra Todos os Santos, do guitarrista Fernando Clark, composta especialmente para o CD. "Queríamos algo diferente do primeiro. Então procuramos um tema. Como tocamos samba-jazz, a Bahia encaixou bem", explica o humorista, que bancou o projeto.

Para aproveitar a veia cômica de Reinaldo e sua desenvoltura com o público, o grupo já adota uma postura diferente nos shows que realiza. O humorista apresenta a banda e o espetáculo, contando histórias engraçadas e atraindo a atenção de pessoas que, inicialmente, vão às apresentações pela presença de Reinaldo.

O estilo musical, aliás, muitas vezes chega a dificultar o grupo de marcar mais shows, por não ser tão valorizado pelo grande público e pela falta de locais voltados para o gênero. "Isso porque minha fama na TV ainda dá um empurrão", lembra Reinaldo, deixando claro que isso nunca foi garantia de aprovação nas casas de shows. "Deveria ser mais fácil, mas ainda é complicado agendar", desabafa.

Apesar das dificuldades, o grupo comemora os resultados alcançados nesses dez anos. Além de participar de alguns eventos fechados, como a Bienal do Livro do Rio, a banda marcou presença no Festival de Jazz de Montreal, no Canadá, com apenas dois anos de existência. O vídeo da apresentação pode ser conferido, inclusive, no YouTube.

"Também aproveitamos nossos aniversários e festas de família para nos reunirmos", diz Sérgio. Esses eventos, aliás, funcionam também como uma forma de treinar novas músicas para os shows, já que nem sempre os cinco conseguem a ‘tão sonhada' média de um ensaio por mês. "Algumas vezes entramos em apresentações sem ensaiar. Nossa sorte é que todos fazem sua lição de casa direitinho", brinca Chico.

O público pode conhecer mais sobre a Companhia Estadual de Jazz pelo www.myspace.com/companhiaestadualdejazz.




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