Em sua primeira entrevista a um jornal norte-americano desde o começo das ofensivas da Otan no país, no mês passado, Milosevic disse que o preocupa o fato de que os negociadores de Belgrado nao tiveram encontros com os albaneses de Kosovo nas três semanas de negociaçoes que aconteceram na França.

"Nao houve negociaçoes. Nessas três semanas, duas em Rambouillet e uma em Paris, nao houve um único encontro entre as delegaçoes para conversar entre elas. Os albaneses e os sérvios e os outros da delegaçao nao puderam trocar sequer uma palavra", disse o presidente iugoslavo. "Acredito que quando as agressoes acabarem, quando os bombardeios cessarem, aí sim será fácil continuar o processo político".

Ele acrescentou que estava claro que as negociaçoes deveriam ser conduzidas diretamente entre os kosovares e os sérvios, sem participaçao da comunidade internacional.

"Em Rambouillet, nós nao estamos conversando com albaneses, mas sim com norte-americanos, que querem o território para eles e para a Otan. E os albaneses foram apenas uma desculpa para eles".

Capturados - Milosevic aproveitou a ocasiao para oferecer à Cruz Vermelha acesso aos três soldados norte-americanos - Andrew Ramirez, 24 anos, Christopher Stone, 25, e Steven Gonzales, 22, que estao em poder das forças iugoslávias desde 31 de março, e disse que eles estavam sendo bem tratados.

"Eles estao saudáveis, e tudo da convençao de Genebra está sendo respeitado. Nós somos civilizados, nao vamos machucar os seus homens. Nós somos um povo muito velho na Europa, muito velho, com uma longa tradiçao, e estamos respeitando os prisioneiros de guerra. Nada vai acontecer com seus soldados", garantiu Milosevic.

Questionado se os membros da Cruz Vermelha poderiam visitá-los, ele disse, "acho que sim. Nao sei se eles nao estao permitidos de fazer isso... Se houver uma missao da Cruz Vermelha que obedeça à Convençao de Genebra, poderá vê-los."