Nome do ex-prefeito de S.Bernardo aparece em acordo de leniência firmado pela empresa junto ao MP
Acordo de leniência firmado pelo Grupo CCR junto ao Ministério Público envolve suposta doação de campanha, via caixa dois, para o projeto eleitoral de Luiz Marinho (PT) em 2012, quando o petista se reelegeu prefeito de São Bernardo. A lista de políticos beneficiados, segundo a concessionária de estradas pelo País, inclui os ex-governadores José Serra (PSDB) e Geraldo Alckmin (PSDB), o ministro de Ciência, Tecnologia e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), o ex-ministro Aloizio Mercadante (PT) e a senadora Marta Suplicy (sem partido). Marinho nega irregularidades.
A investigação teve início com delação premiada de Adir Assad, operador financeiro e pego na Operação Lava Jato. Assad entregou relatório com supostos pagamentos irregulares para políticos e promotores paulistas avançaram em apuração envolvendo nomes do Estado. Em interrogatório, promotores ouviram de Assad como se deu aproximação dele com o Grupo CCR.
Em uma segunda etapa, o Grupo CCR admitiu atos ilegais a favor de políticos paulistas. No caso de Marinho, a empresa relatou ter repassado R$ 60 mil, com ajuda de Assad, por meio de compra de convites de um jantar promovido pelo então prefeito de São Bernardo para arrecadar fundos para a campanha.
Marinho negou irregularidades. Por nota, informou que os valores recebidos constam nas prestações de contas, “todas devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral”.
O Grupo CCR se comprometeu a pagar multa de R$ 81,5 milhões aos cofres públicos. A quantia será a título de de reparação, danos morais coletivos e multas e será paga em duas parcelas, uma em março de 2019 e outra em 2020. A empresa administra, dentre outras vias, a Rodovia dos Bandeirantes e a Via Dutra, além do Trecho Oeste do Rodoanel Mário Covas.
A firma informou que o esquema consistia na contratação do escritório de promoção de eventos de Assad. Parte desse recurso voltava aos cofres de diretores da CCR, que, por sua vez, entregavam valores a intermediários de políticos. Essa rotina teria durado de 2009 a 2013.
A companhia também terá de comprovar as denúncias apresentadas no acordo de leniência. “A investigação não termina em relação à CCR por conta da assinatura do termo. A empresa está obrigada, pelo acordo, a trazer ao Ministério Público e ao Judiciário todas as pessoas que forem prestar depoimentos, arcando com as despesas, e também trazer documentação e tudo o que possa ser útil nas investigações”, comentou o promotor Silvio Marques, um dos que costuraram a parceria com a empresa.
DEMAIS CITADOS - No caso de Alckmin, a CCR declarou ter dado R$ 4,5 milhões, via caixa dois, para a campanha do ex-governador em 2010, quando ele retornou ao cargo. Outros R$ 3 milhões foram repassados a José Serra em sua tentativa de chegar à Presidência da República, oito anos atrás. Kassab teria recebido R$ 2,8 milhões para criar o PSD. Marta, por sua vez, teria obtido R$ 1 milhão em sua empreitada ao Senado, ainda pelo PT, em 2010.
Além deles foram citados o deputado estadual eleito Emidio de Souza (PT), o deputado Antonio Mentor, o secretário de Saúde da Capital, Edson Aparecido, e o parlamentar estadual Campos Machado (PTB). Todos negam irregularidades.
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