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Confira as estatísticas do golpe de Pinochet
Por Da AFP
10/12/2006 | 19:00
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"Os erros que jamais deveriam ter ocorrido", segundo a frase usada pelos chefes militares para admitir e lamentar tardiamente as violações aos direitos humanos cometidas no Chile sob a ditadura do general Augusto Pinochet, compõem uma verdadeira estatística dos horrores.

Segundo a Comissão Rettig, formada por juristas e personalidades das mais variadas tendências ideológicas e a primeira entidade a compilar durante os anos 2000 e 2001 os abusos cometidos, o regime foi responsável por 2.298 assassinatos comprovados.

O comitê de investigação não conseguiu confirmar outros 957 casos fatais, mas seu sucessor, a Comissão de Reparação e Justiça, acrescentou mais tarde à nova lista oficial 899 novos crimes, o que eleva o total para 3.197.

Nessa cifra figuram 1.185 presos políticos que foram fuzilados sem qualquer julgamento, entre eles 82 mulheres. Dez mulheres foram executadas junto a seus filhos, segundo os arquivos do Partido Socialista do deposto presidente Salvador Allende (1970-1973).

Nove crianças nasceram de mães desaparecidas em prisão e o destino delas, 30 anos depois, é ainda um mistério total. Uma dessas mães, Michelle Pena Herreros, tinha 27 anos quando foi capturada em 1975 e jogada ao mar a partir de um avião, depois do parto, segundo um informe militar entregue ao governo do presidente Ricardo Lagos, em janeiro de 2001.

No relatório das Forças Armadas, entregue a uma 'Mesa de Diálogo' cívico-militar que atuou entre os anos 1999 e 2001, figuraram 200 nomes de presos desaparecidos jogados no Oceano Pacífico e em rios e lagos ou eliminados em lugares ignorados. Não há cifras conhecidas sobre as opositoras ao regime que foram estupradas enquanto estavam presas. Também não se sabe quantas pessoas foram torturadas por agentes governamentais.

Os padres católicos fuzilados ou torturados são cinco. A Agrupação de Familiares de Detidos Desaparecidos estima que os corpos dinamitados depois dos assassinados podem ser centenas.

Em 1978, segundo uma revelação pública do general Odladier Mena, Pinochet ordenou a realização de um cadastramento dos cemitérios ilegais onde foram enterrados os opositores eliminados para uma eventual entrega dos restos mortais, mas a verificação dos lugares, feita através dos dados fornecidos à 'Mesa de Diálogo', demonstrou que os túmulos, muitos localizados dentro de regimentos militares, estavam vazios, com sinais de remoção dos corpos.

No pior momento da transição de uma economia socializante para o livre comércio sem barreiras, escolhida pelo governo de Pinochet, o desemprego beirou o índice dos 30% no final da década de 70.

As leis de exceção que, conjuntamente ou em separado, proibiram sindicatos, partidos, reuniões, imprensa livre, livre trânsito, retornos à pátria, ou que estabeleceram toques de recolher noturnos e estados de sítio duraram do dia do golpe, em 11 de setembro de 1973, até 1988, um tempo recorde na história chilena.

Entre 100 e 120 membros das Forças Armadas e policiais morreram no período devido a atentados ou abatidos a bala por dissidentes e guerrilheiros urbanos. O exílio, em seu ponto alto no final dos anos 80, somava 200 mil pessoas e, segundo uma estimativa provisória de 2003, feita pelo Instituto Nacional de Estatísticas, cerca de 100 mil filhos de exilados nasceram fora do Chile.

 




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